Posted by Zenit /Antonio Rivero on 29 May, 2016
SOLENIDADE DO SAGRADO CORACAO DE JESUS
Ciclo C
Textos: Ez 34, 11-16; Rom 5, 5-11; Lc 15, 3-7
Ideia principal: Contemplemos o amor louco de Cristo. O coração tem motivos que a razão não compreende- diria Pascal.
Síntese da mensagem: Neste ano da misericórdia a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus deveria ser celebrada com grande alegria e maior fervor, pois no Sacratíssimo Coração de Jesus estão encerrados todos os tesouros de ternura, compaixão e misericórdia divinas para todos os homens e mulheres. Menos mal que Deus em Cristo se fez amor misericordioso e louco para nos salvar! Do contrário, onde estaríamos agora?
Pontos da ideia principal:
Em primeiro lugar, todas as leituras nos convidam a comtemplar a loucura do amor de Cristo. O amor que manifesta o seu Coração é um amor humano louco, que revela um amor divino ainda mais louco. Os escribas e fariseus do evangelho de hoje não entendem esta loucura de amor de Jesus com os pecadores e publicanos, têm o coração fechado no legalismo e nos pergaminhos. Quem se atreveria a deixar as 99 ovelhas e ir detrás da ovelha perdida e indócil que se afastou do rebanho? Só quem tem um amor louco. A perda da ovelha provoca no pastor um sentimento de privação que invade todo o seu coração e faz com que ele esqueça todos os outros afetos. E quando a encontra, alegra-se, coloca-a sobre os ombros, acaricia, e quando chega em casa, faz festa, e compartilha a sua alegria com os vizinhos. Gestos todos de um coração louco e cheio de misericórdia. Humanamente, este comportamento do pastor é criticável, porque não é justo reservar o amor para quem merece menos. Não é razoável este comportamento. Mas o amor de Deus não faz cálculos, raciocínios. O que quer é salvar todos. Quanto teve que lutar Jesus na sua vida pública com esses homens quadrados na lei, mas sem caridade! Mas a mensagem de Jesus era justamente isto: o amor misericordioso. Não estamos celebrando o Ano Jubilar da Misericórdia para tomar mais consciência do núcleo do evangelho de Jesus?
Em segundo lugar, Paulo na segunda leitura volta à mesma verdade:“Cristo morreu por nós quando ainda éramos pecadores” (Rm 5,6). Já sabemos que os pecadores- e cada um de nós é- não merecem senão castigos. Não é razoável que um inocente se ofereça à morte, e uma morte infame- pregos, espinhos, bofetões, desprezos…-, em benefício de uns homens culpáveis. Desde o ponto de vista da razão, morrer por outro, embora se trate de um justo, é já um excesso. Ninguém se oferece voluntariamente à morte: um homem morre quando a morte lhe é imposta naturalmente. O Coração de Jesus não seguiu a lógica da razão, mas a do amor divino. E continua se entregando por nós na Eucaristia: entrega-nos o seu Corpo e o seu Sangue derramado por nós para a remissão dos pecados. A sua morte na cruz é a maior loucura de amor que se pode conceber. E em cada confissão, o sangue de Cristo se derrama sobre a nossa alma, lavando-nos, purificando-nos, renovando-nos e santificando-nos. Não é isto amor misericordioso?
Finalmente, alguns cristãos santos e mártires sem compreenderam este amor louco. Perguntemos a São Maximiliano Maria Kolbe. Em 1941 é novamente feito prisioneiro e desta vez é enviado à prisão de Pawiak, e logo levado para o campo de concentração de Auschwitz (campo de concentração construído depois da invasão da Polônia pelos alemães). Ali prosseguiu o seu ministério apesar das terríveis condições de vida. Os nazis que os chamavam por números; a São Maximiliano lhe deram o número 16670. Apesar dos difíceis momentos no campo, a sua generosidade e a sua preocupação pelos demais nunca o abandonaram. No dia 3 de agosto de 1941, um prisioneiro escapa; e em represália, o comandante do campo ordena escolher a 10 prisioneiros para ser condenados a morrer de fome. Ente os homens escolhidos estava o sargento Franciszek Gajowniczek, polonês como São Maximiliano, casado e com filhos. “Não há maior amor do que este: dar a vida pelos seus amigos” (Jo 15,13). São Maximiliano, que não se encontrava entre os 10 prisioneiros escolhidos, oferece-se para morrer no seu lugar. O comandante do campo aceita a troca. 10 dias depois da sua condenação, ao encontrá-lo ainda com vida, os nazis aplicaram-lhe uma injeção letal no dia 14 de agosto de 1941. Não é isto amor louco por parte de Maximiliano Maria Kolbe?
Para refletir: Como é o meu amor por Jesus: só sentimental, esporádico, interessado, inconstante? Ou é forte, firme, demonstrado em obras? O que estaria disposto a fazer por Cristo, se me pedisse um duro sacrifício: fugiria, protestaria, claudicaria? Ou colocaria o meu peito para dar a vida por Cristo e pelos irmãos?
Para rezar: rezemos com o cardeal, agora beato, John Henry Newman:
Amado Senhor, ajudai-me a espalhar a vossa fragrância por onde eu for. Inundai a minha alma de espírito e vida. Penetrai e possui todo o meu ser até o ponto que toda minha vida só seja uma emanação da vossa. Brilhai através de mim, e morai em mim de tal maneira que todas as almas que entrem em contato comigo possam sentir a vossa presença na minha alma. Fazei que me olhem e já não me vejam, mas somente Vós, ó Senhor. Ficai comigo e então começarei a brilhar como brilhais Vós; a brilhar para servir de luz para os outros através de mim. A luz, ó Senhor, irradiará toda de Vós; não de mim; sereis Vós, quem ilumineis os demais através de mim. Permiti-me pois louvar-vos da maneira que mais gostais, brilhando para os que me circundam. Fazei que pregue sem pregar, não com palavras mas com o meu exemplo, pela força contagiosa, pela influência do que faço, pela evidente plenitude do amor que vos tem o meu coração. Amém.
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