O MERCENÁRIO
Ao lado da figura do bom pastor, Jesus coloca − na parábola − o mercenário: O mercenário, que não é pastor, a quem não pertencem as ovelhas, quando vê que o lobo vem vindo, abandona as ovelhas e foge; e o lobo rouba e dispersa as ovelhas (Jo 10, 12).
Cristo nos lembra que, ao lado dos bons pastores, existem os mercenários que fogem dos lobos. Seria muito penoso que os pais, pastores de almas e educadores encarnassem a figura do mercenário que se omite, que foge de enfrentar os problemas difíceis das crianças, adolescentes e jovens e os abandonam à mercê dos lobos.
É uma atitude que causa imensos danos, essa dos pais e educadores que, sem dar maus exemplos nem maus conselhos, simplesmente se omitem e fogem, como o mercenário: comodistas, amedrontados e sem ação perante as dificuldades que o ambiente opõe à educação da juventude nos nossos dias, eles, quando veem que o lobo mostra orelhas e dentes, abandonam as ovelhas e fogem.
Essas omissões, essas fugas, na linguagem clássica cristã se denominam “respeitos humanos”. “Respeitos humanos” que consistem na vergonha de sermos considerados diferentes da maioria; no pavor de “chocarmos com o ambiente” e de que nos julguem atrasados, ridículos, carolas ou defasados em relação à evolução dos tempos, insensíveis aos progressos dos costumes e da modernidade.
Comentando essa covardia, que se inibe e cede perante o erro, dizia São Josemaria Escrivá: «Assusta o mal que podemos causar, se nos deixarmos arrastar pelo medo ou pela vergonha de nos mostrarmos como cristãos na vida diária». E acrescentava: «É verdade que nós, os filhos de Deus, não devemos servir ao Senhor para que nos vejam…, mas não nos há de importar que nos vejam, e muito menos podemos deixar de cumprir porque nos estão vendo!» [1].
Não “podemos deixar de cumprir” o dever de ensinar o que é certo (indo na frente com o nosso exemplo), de alertar nitidamente – com caridade, mas sem covardia − sobre o que está errado mesmo que quase todo o mundo o julgue normal; de não autorizar – com carinho, mas com firmeza – diversões, viagens em grupo, espetáculos, baladas, modos de namorar…, que são ofensas de Deus, mesmo que passemos por intransigentes e obsoletos; de ensinar e exigir com carinho a disciplina em matéria de horários, deveres e tarefas, uma disciplina que é necessária para que os filhos e os alunos não fiquem com o caráter esfarelado…
Essa responsabilidade não é fácil. É uma luta que precisa ser travada com coragem e confiança em Deus. E com a pureza de quem age sob o olhar de Deus e não buscando a aprovação dos homens. Não nos esqueçamos de que hoje não há mais remédio que enfrentar a pressão consumista e hedonista que domina a sociedade, e que ceder a caprichos e abusos, por medo de que “os outros” critiquem ou zombem, só faz mal aos filhos, e pode destruir-lhes o caráter e a alma. O pastor não pode fugir.
Vale a pena pensar em todas estas coisas que – como dizíamos – são como um primeiro exame, uma análise prévia, antes de entrarmos na consideração das raízes e alicerces mais profundos do exemplo. Mas, além de fazermos os exames de consciência acima sugeridos, será bom levantar o coração a Deus, e animar-nos com estas palavras de um grande e santo educador: “Com a tua conduta…, mostra às pessoas a diferença que há entre viver triste e viver alegre; entre sentir-se tímido e sentir-se audaz; entre agir com cautela, com duplicidade – com hipocrisia! – , e agir como homem simples e de uma só peça. – Numa palavra, entre ser mundano e ser filho de Deus [2].
Adaptação de um trecho do livro de F. Faus A força do exemplo
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