quinta-feira, 28 de março de 2024

O tempo de uma presençaemana Santa, amou-nos até ao fim

 A Semana Santa é o centro do ano litúrgico: revivemos nestes dias os momentos decisivos da nossa redenção. A Igreja leva-nos pela mão, com a sua sabedoria e a sua criatividade, do Domingo de Ramos até à Cruz e à Ressurreição.

o Mistério pascal, o Tríduo do Senhor crucificado, morto e ressuscitado. Toda a história da salvação gira à volta destes dias santos, que passaram despercebidos para a maioria das pessoas, e que agora a Igreja celebra «de um extremo ao outro da terra»[1]. Todo o ano litúrgico, resumo da história de Deus com os homens, surge da memória que a Igreja conserva da hora de Jesus: quando, «tendo Ele amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim»[2].

MUITOS DOS RITOS QUE VIVEMOS NOS DIAS DE HOJE TÊM AS SUAS RAÍZES EM TRADIÇÕES MUITO ANTIGAS; A SUA FORÇA ESTÁ REALÇADA PELA PIEDADE DOS CRISTÃOS E PELA FÉ DOS SANTOS DE DOIS MILÉNIOS.

A Igreja difunde nestes dias a sua sabedoria maternal para nos introduzir nos momentos decisivos da nossa redenção. Se não oferecermos resistência, seremos impelidos: pelo recolhimento com que a liturgia da Semana Santa nos introduz na Paixão; pela unção que nos move a velar junto do Senhor; pela explosão de alegria que brota da Vigília da Ressurreição. Muitos dos ritos que vivemos nos dias de hoje têm as suas raízes em tradições muito antigas; a sua força está realçada pela piedade dos cristãos e pela fé dos santos de dois milénios.

O Domingo de Ramos

O Domingo de Ramos é como o pórtico que precede e aponta para o Tríduo Pascal: «este início da Semana Santa, já tão próximo do momento em que se consumou no Calvário a Redenção de toda a humanidade, parece-me um tempo particularmente apropriado para tu e eu considerarmos por que caminhos nos salvou Jesus, Nosso Senhor; para contemplarmos esse seu amor, verdadeiramente inefável, por umas pobres criaturas formadas com barro da terra»[3].

Quando os primeiros fiéis escutavam a proclamação litúrgica dos relatos Evangélicos da Paixão e a homilia que pronunciava o bispo, sabiam que era uma situação muito diferente daquela em que se assiste a uma simples representação: «para os seus corações piedosos, não havia diferença entre escutar o que havia sido proclamado e ver o que havia sucedido»[4]. Nos relatos da Paixão, a entrada de Jesus em Jerusalém é como que a apresentação oficial que o Senhor faz de Si mesmo como o Messias desejado e esperado, fora do qual não há salvação. O seu gesto é o do Rei salvador que chega a sua casa. Do seu povo, alguns não O receberam, mas outros sim, saúdam-n'O como o Bendito que vem em nome do Senhor[5].


O Senhor, sempre presente e atuante na Igreja, atualiza na liturgia, ano após ano, esta solene entrada no «Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor», como é chamado no Missal. O seu próprio nome sugere uma duplicação de elementos: uns triunfais, outros dolorosos. «Neste dia – lê-se na rubrica – a Igreja comemora a entrada do Senhor Jesus Cristo em Jerusalém, para realizar o Seu mistério pascal»[6]. A sua chegada está rodeada de aclamações e gritos de júbilo, ainda que as multidões não saibam então para onde se dirige realmente Jesus, e em breve se encontrarão com o escândalo da Cruz. Nós, no entanto, no tempo da Igreja, sim, sabemos qual é a direção dos passos do Senhor: Ele entra em Jerusalém «para consumar o seu mistério pascal». Por isso, para o cristão que aclama Jesus como Messias na procissão de Domingo de Ramos, não é uma surpresa encontrar-se, sem qualquer interrupção, com a vertente dolorosa dos sofrimentos do Senhor.

O modo como a liturgia nos mostra este jogo de trevas e de luz no plano divino, é significativo: o Domingo de Ramos não junta duas celebrações independentes, justapostas. O rito de entrada da Missa não é senão a própria procissão, e esta conflui diretamente na coleta da Missa. «Deus eterno e omnipotente, que para dar aos homens um exemplo de humildade quisestes – dirigimo-nos ao Pai – que o nosso Salvador Se fizesse homem e padecesse o suplício da cruz»[7]: aqui já tudo fala do que vai acontecer nos dias seguintes.

Quinta-feira Santa

O Tríduo Pascal começa com a Missa vespertina da Ceia do Senhor. A Quinta-feira Santa encontra-se entre a Quaresma que termina e o Tríduo que começa. O fio condutor de toda a celebração deste dia, a luz que tudo envolve, é o Mistério pascal de Cristo, o próprio coração do acontecimento que se atualiza nos sinais sacramentais.

A ação sagrada centra-se naquela Ceia, em que Jesus, antes de se entregar à morte, confiou à Igreja o testemunho do seu amor, o Sacrifício da Aliança eterna[8].

UMA ANTIGA TRADIÇÃO GUARDA PARA ESTE DIA A PROCLAMAÇÃO DA PAIXÃO SEGUNDO S. JOÃO, NA QUAL APARECE A IMPRESSIONANTE MAJESTADE DE CRISTO QUE SE ENTREGA «À MORTE COM A PLENA LIBERDADE DO AMOR» (S. JOSEMARIA).

«Enquanto instituía a Eucaristia, como memorial perpétuo d’Ele e da sua Páscoa, Jesus colocava simbolicamente este ato supremo da Revelação sob a luz da misericórdia. No mesmo horizonte da misericórdia, viveu Ele a sua paixão e morte, ciente do grande mistério de amor que se realizaria na cruz»[9]. A liturgia introduz-nos de um modo vivo e atual no mistério da entrega de Jesus pela nossa salvação. «É por isso que o Pai Me ama: porque dou a minha vida. E assim, Eu recebo-a de novo. Ninguém me tira a vida, mas Eu a dou livremente»[10]. O fiat do Senhor que dá origem à nossa salvação torna-se presente na celebração da Igreja; por isso a Coleta não vacila em incluir-nos, no dia de hoje, na Última Ceia: «Sacratissimam, Deus, frequentantibus Cenam...», diz em latim, com a sua habitual capacidade de síntese; «Fomos hoje convocados por Vós, para celebrar aquela mesma Ceia memorável»[11].

Este é «o dia santíssimo em que Nosso Senhor Jesus Cristo Se entregou por nós à morte»[12]. As palavras de Jesus, «Eu vou, mas voltarei a vós e é bom para vós que Eu vá, porque se Eu não for, o Defensor não virá a vós»[13] introduzem-nos no misterioso movimento entre a ausência e a presença do Senhor que preside todo o Tríduo Pascal e, a partir dele, toda a vida da Igreja. Por isso, a Quinta-feira Santa, e os dias que se seguem, não são meros dias de tristeza ou de luto. Ver o Tríduo Sagrado deste modo, equivaleria a retroceder à situação dos discípulos, antes da Ressurreição. «A alegria da Quinta-Feira Santa parte, portanto, do facto de nós compreendermos que o Criador se desfez em carinho pelas suas criaturas»[14]. Para perpetuar no mundo este afeto infinito que se concentra na Sua Páscoa, na passagem deste mundo para o Pai, Jesus entrega-Se-nos totalmente, com o seu Corpo e o seu Sangue, num novo memorial: o pão e o vinho, que se convertem no «pão da vida» e «vinho da salvação»[15]. O Senhor ordena que, futuramente, se faça o mesmo que acaba de fazer em sua memória[16], e nasce assim a Páscoa da Igreja, a Eucaristia.

Há dois momentos da celebração que são muito eloquentes, se os vemos na sua mútua relação: o lava-pés e a reserva do Santíssimo Sacramento. Lavar os pés aos Doze anuncia, poucas horas antes da crucificação, o maior amor: «dar a vida pelos seus amigos»[17]. A liturgia revive este gesto, que surpreendeu os Apóstolos, no anúncio do Evangelho e na possibilidade de lavar os pés de alguns fiéis. Ao concluir a Missa, a procissão para a reserva do Santíssimo Sacramento e a adoração dos fiéis revela a resposta amorosa da Igreja àquele inclinar-se humilde do Senhor sobre os pés dos Apóstolos. O momento de oração silenciosa, que entra pela noite, convida a recordar a oração sacerdotal de Jesus no Cenáculo[18].

Sexta-feira Santa

A liturgia de Sexta-feira Santa começa com a prostração dos sacerdotes, em vez do habitual beijo inicial ao altar. É um gesto de especial veneração ao altar, que se encontra desguarnecido, sem nada, evocando o Crucificado na hora da Paixão. Rompe o silêncio, uma terna oração em que o celebrante suplica as misericórdias de Deus – «Reminiscere miserationum tuarum, Domine» – e pede ao Pai a proteção eterna que o Filho nos ganhou com o seu sangue, isto é, dando a Sua vida por nós[19].

Uma antiga tradição guarda para este dia a proclamação da Paixão segundo S. João, como um momento culminante da liturgia da Palavra. Neste relato evangélico aparece a impressionante majestade de Cristo que se entrega «à morte com a plena liberdade do Amor»[20]. O Senhor responde com valentia aos que vêm prendê-Lo: «Quando Jesus disse “Sou eu”, eles recuaram e caíram por terra»[21]. Mais tarde ouvimo-Lo responder a Pilatos: «O meu reino não é deste mundo»[22], e, por isso, o seu exército não luta para O libertar. «Consummatum est»[23]: o Senhor leva até ao fim a fidelidade ao seu Pai, e assim vence o mundo[24].


Depois do anúncio da Paixão e da oração universal, a liturgia volta sua atenção para o Lignum Crucis, a árvore da Cruz: o glorioso instrumento da redenção humana. A adoração da Santa Cruz é um gesto de fé e uma proclamação da vitória de Jesus sobre o demónio, o pecado e a morte. Com Ele, nós, os cristãos, vencemos, porque «esta é a vitória que venceu o mundo: a nossa fé»[25].

A Igreja envolve a Cruz de honra e reverência: o Bispo aproxima-se para a beijar sem casula e sem anel[26]; depois dele, segue-se a adoração dos fiéis, enquanto os cânticos celebram o seu caráter vitorioso, «adoramos, Senhor, a Vossa Cruz, louvamos e glorificamos a Vossa santa Ressurreição; porque pela Cruz se alegrou o universo inteiro»[27]. É uma misteriosa união da morte e da vida em que Deus quer que aprofundemos: «umas vezes, renovamos o gozoso impulso que levou o Senhor a Jerusalém. Outras, a dor da agonia que culminou no Calvário... Ou a glória do Seu triunfo sobre a morte e o pecado. Mas, sempre, o amor - gozoso, doloroso, glorioso - do Coração de Jesus Cristo»[28].

O Sábado Santo e a Vigília pascal

O SÁBADO SANTO É O DIA DA ESPERA DA RESSURREIÇÃO, INTENSAMENTE VIVIDO PELA MÃE DE JESUS, DONDE PROVÉM A DEVOÇÃO DA IGREJA A SANTA MARIA NOS SÁBADOS.

Um texto anónimo da antiguidade cristã recolhe, como que condensado, o mistério que a Igreja comemora no Sábado Santo: a descida de Cristo aos infernos. «O que está a suceder hoje? Um grande silêncio envolve a terra; um grande silêncio e uma grande solidão. Um grande silêncio, porque o Rei dorme. A terra está amedrontada e espantada, porque Deus adormeceu na carne e despertou os que dormiam desde os tempos antigos»[29]. Do mesmo modo que vemos Deus descansar no Génesis, no final da sua obra criadora, o Senhor descansa agora da sua fadiga redentora. E a Páscoa, que está para surgir definitivamente no mundo, é «a festa da nova criação»[30]: ao Senhor custou-Lhe a vida devolver-nos a Vida.

A VIGÍLIA PASCAL EXPRESSA, NUMA GRANDE VARIEDADE DE ELEMENTOS SIMBÓLICOS, A PASSAGEM DAS TREVAS À LUZ, DA MORTE À VIDA NOVA NA RESSURREIÇÃO DO SENHOR: O FOGO, O CÍRIO, A ÁGUA, O INCENSO, A MÚSICA E OS SINOS...

«Um pouco de tempo, e não mais Me vereis; e mais um pouco, e Me vereis de novo»[31]: assim diz o Senhor aos Apóstolos, na véspera da sua Paixão. Enquanto esperamos o seu regresso, meditamos na sua descida às trevas da morte, onde estavam ainda submersos os justos da antiga Aliança. Cristo, levando na sua mão o sinal libertador da Cruz, põe fim ao seu sono e introdu-los na luz do novo Reino: «Desperta, tu que dormes, porque não te criei para que permaneças cativo no abismo»[32]. Desde as abadias carolíngias do século VIII, se propagará pela Europa a comemoração deste grande Sábado, dia da espera da Ressurreição, intensamente vivido pela Mãe de Jesus, donde provém a devoção da Igreja a Santa Maria nos sábados; agora, mais do que nunca, Ela é a Stella matutina[33], a Estrela da Manhã que anuncia a chegada do Senhor: o Lucifer matutinus[34], o Sol nascente, oriens ex alto[35].

Na noite deste grande Sábado, a Igreja reúne-se na mais solene das suas vigílias para celebrar a Ressurreição do Esposo, mesmo até às primeiras horas da aurora. Esta celebração é o núcleo do culto fundamental da liturgia cristã ao longo de todo o ano. Uma grande variedade de elementos simbólicos expressa a passagem das trevas à luz, da morte à vida nova na Ressurreição do Senhor: o fogo, o círio, a água, o incenso, a música e os sinos...

A luz do círio é sinal de Cristo, luz do mundo, que irradia e inunda tudo. O fogo é o Espírito Santo aceso por Cristo nos corações dos fiéis. A água significa a passagem para a nova vida em Cristo, fonte de vida. O aleluia pascal é o hino dos peregrinos a caminho da Jerusalém celeste. O pão e o vinho da Eucaristia são penhor do banquete escatológico com o Ressuscitado. Enquanto participamos na Vigília pascal, reconhecemos com os olhos da fé que a assembleia santa é a comunidade do Ressuscitado; que o tempo é um tempo novo, aberto ao hoje definitivo de Cristo glorioso: «haec est dies, quam fecit Dominus»[36], este é o novo dia que inaugurou o Senhor, o dia «que não conhece ocaso»[37].


[1] Missal Romano, Oração Eucarística III.

[2] Jo 13, 1.

[3] S. Josemaria, Amigos de Deus, n. 110.

[4] S. Leão Magno, Sermo de Passione Domini 52, 1 (CCL 138, 307).

[5] cf. Mt 21, 9.

[6] Missal Romano, Domingo de Ramos na Paixão do Senhor, n. 1.

[7] Missal Romano, Domingo de Ramos na Paixão do Senhor, Coleta.

[8] cf. Missal Romano, Missa vespertina da Ceia do Senhor, Quinta-feira Santa, Coleta.

[9] Francisco, Misericordiae Vultus, n. 7.

[10] Jo 10, 17-18.

[11] Missal Romano, Missa vespertina da Ceia do Senhor, Quinta-feira Santa, Coleta.

[12] Missal Romano, Missa vespertina da Ceia do Senhor, Quinta-feira Santa, Communicantes próprio.

[13] Jo 14, 28; Jo 16, 7.

[14] S. Josemaria, Cristo que passa, n. 84.

[15] Missal Romano, ofertório.

[16] cf. 1Cor 11, 23-25.

[17] cf. Jo 15, 13.

[18] cf. Jo 17.

[19] cf. Missal Romano, Celebração da Paixão do Senhor, Sexta-feira Santa, oração inicial.

[20] S. Josemaria, Via Sacra, X estação.

[21] Jo 18, 6.

[22] Jo 18, 36.

[23] Jo 19, 30.

[24] cf. Jo 16, 33.

[25] 1 Jo 5, 4.

[26] cf. Cerimonial dos bispos, nn. 315-322.

[27] Missal Romano, Celebração da Paixão do Senhor, Sexta-feira Santa, n. 20.

[28] S. Josemaria, Via Sacra, XIV estação, n. 3.

[29] Homilia sobre o grande e santo Sábado (PG 43, 439).

[30] Bento XVI, Homilia na Vigília Pascal, 7-IV-2012.

[31] Jo 16, 16.

[32] Homilia sobre o grande e santo Sábado (PG 43, 462).

[33] Ladainha Lauretana (cf. Sir 50, 6).

[34] Missal Romano, Vigília Pascal, Precónio Pascal.

[35] Liturgia das Horas, Hino Benedictus (Lc 1, 78).

[36] Sl 117[118], 24.

[37] cf. Missal Romano, Vigília Pascal, Precónio Pascal.

Deixa Deus Sonhar em Ti | Frei Gilson

quarta-feira, 27 de março de 2024

4 razões para você se confessar antes da Semana Santa


“A confissão é o banho da alma. Mesmo uma sala limpa e desocupada acumula poeira; volte depois de uma semana e você verá que precisa ser limpa novamente!” - São Padre Pio

Durante este tempo litúrgico da Quaresma, somos espiritualmente chamados ao deserto para unir os nossos sofrimentos a Cristo, refletir sobre a nossa jornada e até mesmo sobre a desolação. Embora o Catecismo afirme que os católicos são obrigados a receber o sacramento da Reconciliação pelos pecados graves pelo menos uma vez por ano (CCC 1457), devemos receber penitência e procurar estar em estado de graça o mais frequentemente possível.

Abaixo estão quatro razões pelas quais devemos nos confessar antes da Semana Santa (e durante todo o ano):

1) Responsabilidade

Embora possa ser fácil colocar a culpa nos outros, devemos assumir a responsabilidade pelas nossas ações. Dado o sigilo da confissão, é um lugar seguro para dizer os nossos pecados em voz alta, declarar a frequência dessas ofensas e reconhecer os nossos erros.

Fazer um Exame de Consciência antes da confissão é a melhor forma para ser honesto consigo mesmo e com o Senhor na busca por uma vida mais devota.

2) Experimentar o perdão de Deus

Quer nos sintamos dignos de perdão ou não, o Senhor concede-nos esta graça através do ministério do sacerdócio.

A misericórdia de Deus nos banha durante a confissão, libertando-nos do fardo do pecado. Temos a oportunidade de começar de novo com a consciência tranquila.

Jesus disse estas palavras a Santa Faustina sobre a sua misericórdia:

“Desejo a confiança das Minhas criaturas. Encoraje as almas a depositarem grande confiança na Minha misericórdia insondável. Que a alma fraca e pecadora não tenha medo de se aproximar de Mim, pois mesmo que tivesse mais pecados do que grãos de areia no mundo, todos seriam afogados nas profundezas incomensuráveis da Minha misericórdia.” —Diário de Santa Faustina, 1059

3) Participar plenamente da missa

Ir à missa em estado de pecado mortal é como ver todos os seus amigos sendo convidados para uma festa sem você. Só que pior.

Somos chamados a estar em plena comunhão com nosso Senhor e Sua Igreja, o que significa que devemos estar em estado de graça.

Durante a celebração da Missa, Jesus convida-nos a partilhar da sua presença e a recebê-lo desta forma íntima e vulnerável. Sendo a Eucaristia o dom mais precioso que temos na Terra, deveria ser nosso desejo fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para participar plenamente nesta relação com o Senhor.

Jesus lhes disse: “Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes o seu sangue, não tereis vida dentro de vós”. (João 6,53)

4) Receber orientação espiritual

Deus não nos deixa desolados em nossos pecados. Felizmente, temos muitos sacerdotes santos para nos ajudar em nossa jornada.

Quando o penitente reza o Ato de Contrição, ele está fazendo uma declaração de intenções ao Senhor, de uma mudança de coração e de comportamento. Além da penitência, o sacerdote oferecerá orientação espiritual para ajudar a crescer em santidade.

Como nosso Senhor durante aqueles 40 dias, talvez você esteja sendo tentado pelo inimigo. Talvez você esteja com raiva de si mesmo por ser escravo do pecado habitual, ou talvez esteja lutando para cumprir suas promessas quaresmais.

Em nosso quebrantamento e mera humanidade, o Senhor procura nos encontrar e nos transformar com Seu amor redentor. Podemos estar no deserto agora, mas isso não durará para sempre. A Páscoa está chegando!

“Muitos são convidados, mas poucos são escolhidos” - Mat. 22,14

Não desperdice o dom deste lindo sacramento e prepare seu coração e sua alma para o banquete celestial agora!


Os sacrifícios do Antigo Testamento: o Holocausto


Adão, apesar de ter pecado, não tinha direito sobre sua própria vida, mas, em forma de expiação, podia, sim, oferecer algo em troca dela. Esta é a razão da existência dos sacrifícios.

Figures 011 Noah offered burnt offerings on an altar to the Lord

Redação (16/10/2023 17:17Gaudium Press) Era o sexto dia da criação quando, segundo o relato do livro do Gênesis, Deus formou um boneco de barro, soprou-lhe nas narinas e conferiu-lhe a vida (cf. Gn 1,26-30; 2,7). O Homem estava criado. Feito à imagem e semelhança de seu divino Criador, Ele havia sido dotado de uma natureza sumamente íntegra e, como se não bastasse, o Criador lhe concedeu a dádiva mais preciosa que lhe era possível conceder: sua própria amizade e amor.

Ora, Adão foi capaz de trocar tudo isto por uma fruta sobre a qual pairava a proibição divina de se comer. E a História, com o rompimento desta lei, mudou de fisionomia. O sangue, o suor e as lágrimas tornaram-se companheiros dos homens, os quais passariam a nascer já maculados pela mancha original.

O que mereceria o nosso primeiro pai senão morrer imediatamente depois do pecado? Mas Deus lhe poupou deste mal e deu-lhe a oportunidade de viver para pedir o perdão de sua falta. Entretanto, como adquirir a clemência e misericórdia divinas sem o Sacramento da penitência que viria a ser instituído somente milênios mais tarde?

Adão não tinha direito sobre sua própria vida, por isto não podia desejar para si a morte que merecia; porém, podia, sim, oferecer algo em troca dela. E, através desta necessidade de se apresentar algo a Deus, se instituiu a oferenda dos SACRIFÍCIOS.

A título de exemplo, continuemos a narração do livro do Gênesis: “Ofereceu Caim frutos da terra em oblação ao SenhorAbel, de seu lado, ofereceu dos primogênitos do seu rebanho e das gorduras dele” (Gn 4,3-4). E diz ainda que “Deus olhou com agrado para Abel e para a sua oblação” (Gn 4,4). Ora, este “olhar com agrado” de Deus era o que buscavam os homens da antiguidade quando ofertavam suas imolações à divindade.

Com o passar do tempo, esta instituição sacrifical foi tomando forma. De evolução em evolução, ela passou a constituir um cerimonial sagrado para muitas nações, sobretudo para aqueles que eram chamados a constituir o povo religioso por antonomásia: os judeus.

O vocábulo sacrifício é derivado do termo qorban, palavra proveniente de uma mescla de hebraico e aramaico cuja trilogia qrb significa “aproximar”, “aquilo que se aproxima”[1] e constituía para o povo eleito o ato principal do culto, podendo ser definido como “toda oferenda, animal ou vegetal, que se consome inteira ou em parte sobre o altar como obséquio à divindade”.[2]

O primeiro capítulo do livro do Levítico é dedicado à descrição dos diversos modos de sacrifícios operados pelos sacerdotes no Templo de Jerusalém: inicialmente, trata dos HOLOCAUSTOS (‘olah, עֹלָ֤ה); em segundo lugar, das OBLAÇÕES (minjah, מִנְחָה֙); depois, ainda, dos SACRIFÍCIOS PACÍFICOS (selem, שְׁלָמִ֖); por fim, do SACRIFÍCIO PELO PECADO (jattah, חַטָּ֔א) e PELO DELITO (’asam, אָשֵֽׁמ).

Vamos analisar cada uma destas formas de sacrifício em artigos distintos. Examinemos a primeira descrita acima.

Holman Altar of Incense Altar of Burnt Offering Laver

O Holocausto no Templo de Jerusalém

Não constitui um fácil trabalho definir a etimologia precisa do vocábulo holocausto e isso se deve à numerosa quantidade de termos com os quais este cerimonial sagrado é chamado. Alguns exegetas enunciam que isto é assim devido à grande evolução histórica dos sacrifícios de acordo com as suas práticas e ambientes onde foram operados.

Um primeiro vocábulo que aparece para designar o rito do holocausto é o ‘Olah, palavra hebraica cuja raiz significa “subir”, pois é o Sacrifício que sobe sobre o altar ou, segundo outra interpretação, cuja fumaça subia até Deus ao ser consumido pelas chamas. Ora, este último termo parece ser às vezes substituído pelo Kâlîl (cf. Sm 7,8; Dt 33,10), que indica um sacrifício total ou completo, justificando a palavra que foi utilizada na tradução grega das Sagradas Escrituras e que também passou para os nossos idiomas latinos: Holocausto (‘όλον = todo; καιώ = queimado).[3]

Os holocaustos eram os sacrifícios por excelência. Neles, as vítimas oferecidas deviam ser queimadas por completo. Diz-se desta classe de oferenda que era de “suave odor a Yahvé”, porque implicava em uma entrega total da vítima por parte do oferente, já que nada do animal se reservava para seu uso, como acontecia nos outros tipos de sacrifícios; constituía um reconhecimento solene da soberania de Deus sobre uma coisa.[4]

Todos os atos que circundavam o serviço direto do altar estavam reservados aos sacerdotes, enquanto os demais eram cumpridos pelos oferentes. No entanto, com a evolução dos cerimoniais sacrificais, os sacerdotes terminaram assumindo os atos que, primitivamente, convinham somente aos leigos.

Este tipo de sacrifício é conhecido desde a época patriarcal e é o fundamento do culto levítico. O ritual do holocausto sofria modificações de acordo com o animal oferecido. Havia variações se o sacrificado fosse “gado maior”, bovino, ou de “gado menor”, ovino ou caprino, ou uma ave. No primeiro caso, o sacrifício era mais solene, a vítima devia ser um macho imaculado, ou seja, sem defeito corporal algum”.[5] Segundo nos narra o Levítico, o oferente “o trará à entrada da Tenda da Reunião para obter o favor do Senhor. Porá a mão sobre a cabeça da vítima, que será aceita em seu favor para lhe servir de expiação. Matará o novilho diante do Senhor. Os sacerdotes, filhos de Aarão, oferecerão o sangue e o derramarão ao redor, sobre o altar que está à entrada da Tenda da Reunião. Tirará a pele da vítima e esta será cortada em pedaços. Os filhos do sacerdote Aarão porão fogo no altar e empilharão a lenha sobre ele, dispondo, em seguida, por cima da lenha, os pedaços, a cabeça e a gordura. Lavarão com água as entranhas e as pernas, e o sacerdote queimará tudo sobre o altar. Esse é um holocausto, um sacrifício consumido pelo fogo, de odor agradável ao Senhor.

“Se a sua oferta for um holocausto tirado do gado menor, dos cordeiros ou das cabras, oferecerá um macho sem defeito. Matará o animal ao lado norte do altar, diante do Senhor, e os sacerdotes, filhos de Aarão, derramarão o seu sangue em redor do altar. A vítima será, em seguida, cortada em pedaços, com a cabeça e a gordura, que o sacerdote disporá sobre a lenha colocada no fogo do altar. As entranhas e as pernas serão lavadas com água, e, em seguida, o sacerdote oferecerá tudo isso, queimando-o no altar. Esse é um holocausto, um sacrifício consumido pelo fogo, de odor agradável ao Senhor” (Lv 1,3-13).

Ainda havia o ritual para o holocausto de aves, que podiam ser rolas ou pombinhos (Lv 1,14). Nele se verificavam as seguintes mudanças: não havia imposição das mãos, nem degolação; tudo se fazia sobre o próprio altar, sendo operado, por conseguinte, pelo sacerdote em pessoa.

No ritual mais recente, o holocausto é acompanhado por uma oferenda, minhah, de farinha amassada com azeite e de uma libação de vinho: na festa da semana, (segundo o livro do Levítico 23,18); nos holocaustos cotidianos (segundo o livro do Êxodo 29,38-42); e em todos os sacrifícios ‘olah e zebah’ (segundo o livro dos Números 15,1-16). A farinha se queimava, o vinho se derramava ao pé do altar, como o sangue.[6]

Assim os judeus cumpriam o ato mais solene do seu culto no templo de Jerusalém: o holocausto.

* * *

Em artigos subsequentes contemplaremos os outros tipos de sacrifícios do Antigo Testamento.

Por João Pedro Serafim


[1] Cf. COLUNGA, Alberto; GARCIA CORDERO, Maximiliano. Biblia comentada: Pentateuco. Madrid: BAC, 1960, p. 627. (Trad. pessoal).

[2] Cf. DE VAUX, Roland. Instituciones del Antiguo Testamento. Barcelona: Herder, 1976, p. 528. (Trad. pessoal).

[3] Cf. DE VAUX. Op. cit., p. 529.

[4] COLUNGA; GARCIA CORDERO. Op. cit., p. 627.

[5] Ibid., p. 628.

[6] Cf. DE VAUX. Op. cit., p. 530.

A Autoridade de Cristo

terça-feira, 26 de março de 2024

Vou voar | Ziza Fernandes (Lyric Video)

Amor Transbordante

Para a Quaresma, a melhor e a mais curta penitência

Em um sermão na Quarta-feira de Cinzas, o Santo Cura d’Ars proferiu graves palavras a seus ouvintes. Também a nós elas se aplicam, e nos levam a repensar o sentido que damos à penitência.

Redação (14/03/2024 16:41Gaudium Press) Por que, meus irmãos, sentimos tanta repugnância pela penitência e tão pouca tristeza por nossos pecados? Infelizmente, porque não conhecemos os ultrajes que o pecado inflige a Jesus Cristo, nem os males que ele nos prepara para a eternidade.

Estamos convencidos de que, depois do pecado, é necessário fazer penitência irremediavelmente. Mas vejam o que fazemos: guardamos para depois, como se fôssemos donos do tempo e das graças de Deus. Ai de nós, meus irmãos, quem de nós, estando em pecado, não tremerá por saber que não temos um momento certo? […]

O que devemos tirar disso, meus irmãos? Já que é necessário, de toda necessidade, chorar por nossos pecados e fazer penitência — neste mundo ou no outro — escolhamos a menos rigorosa e a mais curta: [a deste mundo!]

Que pena, meus irmãos, chegar à hora da morte sem ter feito nada para satisfazer a justiça de Deus! Que desgraça ter perdido tantos meios como os que tínhamos: quando, sofríamos algumas misérias, se as tivéssemos aceitado por Deus, elas nos teriam merecido o perdão! Que desgraça ter vivido no pecado, sempre esperando ser libertados dele, e morrer sem tê-lo feito! Vamos, então, seguir outro caminho que será mais consolador para nós naquele momento: deixemos de fazer o mal; comecemos a lamentar nossos pecados e soframos tudo o que o bom Deus quiser nos enviar […], para que possamos ter a alegria de nos unirmos a Ele por toda a eternidade. É isso que vos desejo.

 

Extraído de: VIANNEY, João Batista Maria. Sermones Escogidos. Sevilla: Editorial Apostolado Mariano, 2009, T. I, p. 209-235. (Tradução Thiago Resende).

A primeira mulher diretora de cinema era católica e fez um filme mudo sobre Jesus

 Harumi Suzuki

Em um artigo do National Catholic Register, o Gerente de Operações da EWTN, James Day, contou a história de Alice Guy, uma mulher que se aventurou no mundo do cinema sem deixar sua fé de lado.

Alice Ida Antoinette Guy nasceu em 1873 em Saint-Mandé, França, e foi a quinta e última filha do casal Marie e Emile. Aos 6 anos, ela ingressou no internato do Convento do Sagrado Coração, dirigido pelas Companheiras Fieis de Jesus.

Para contribuir com a economia familiar, estudou datilografia e taquigrafia. Esses estudos a levaram a ser contratada aos 21 anos como secretária pela Gaumont, a companhia cinematográfica mais antiga do mundo.

Por volta de 1896, ela realizou seu primeiro filme, "La Fée aux Choux" (A Fada dos Repolhos), uma história original de um minuto de duração, onde Alice dirigiu, escreveu e produziu o projeto.

Esse foi o primeiro passo de sua carreira, que a tornou em 1897 a chefe de produção cinematográfica da Gaumont.

Seu Projeto Mais Ambicioso: La vie du Christ (A Vida de Jesus)

Em 1900, Alice adquiriu um exemplar da Bíblia de James Tissot, uma obra publicada em 1894 que contava com 350 imagens pintadas em aquarela representando as cenas do Novo Testamento.

Seis anos depois, a influência dessa bíblia inspirou Alice a criar o projeto mais longo e ambicioso de sua carreira: "La vie du Christ" (A Vida de Jesus).

O filme teve cerca de 300 atores e 25 cenários diferentes, encenando a vida de Jesus desde a chegada a Belém até a ressurreição.

O filme foi exibido na Société Française de Cinématographie. Segundo o Boletim anual da Sociedade de 1906, "As cenas foram ambientadas com um gosto perfeito e um talento para a encenação da Sra. Guy... cada [cena] foi recebida com aplausos vivos e unânimes da assembleia".

Após sua produção prodigiosa na primeira década do século XX, Alice Guy se mudou para a América e lançou a Solax, um estúdio em Nova Jersey. Mas o início da Primeira Guerra Mundial interrompeu o avanço de sua empresa, que eventualmente faliu. Sua carreira estagnou e nunca se recuperou.

Embora Alice não seja tão conhecida quanto outros pioneiros do cinema, sua presença é fundamental não apenas para estabelecer este meio como uma forma inovadora de contar histórias visuais, mas também como um exemplo de convicção religiosa forte.

Assista aqui: https://www.youtube.com/watch?v=3lnT4Zt4pVI

por Church Pop

segunda-feira, 25 de março de 2024

Seis perguntas chave para entender a Semana Santa


A Semana Santa é um dos momentos mais importantes para os católicos. No entanto, nem todos conhecem cada pormenor sobre este tempo, ou por que se celebra ou de que se compõe exatamente. Reunimos seis perguntas básicas para entender a Semana Santa.

1. O Que é a Semana Santa?

A Semana Santa é o período no qual se prepara e comemora a Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Começa com a sua entrada em Jerusalém e termina com a sua crucifixão.

2. Como celebram os católicos a Semana Santa?

Há quatro cerimónias importantes durante a Semana Santa.

a) O Domingo de Ramos recorda a chegada de Jesus a Jerusalém. Os católicos nesse dia organizam procissões com ramos de oliveira e palmas benzidas.

b) Na Quinta-feira Santa comemora-se a traição de Judas e a Última Ceia, na qual Jesus instituiu a Eucaristia. De manhã, os bispos reúnem-se com os sacerdotes das suas dioceses e benzem os santos óleos. O lava-pés ocorre na tarde desse dia, durante a Missa da Última Ceia.

c) Sexta-feira Santa é o dia mais triste do ano para os católicos. Recorda-se a agonia e o sofrimento da prisão, julgamento e morte de Jesus. Neste dia não há Missa. Jesus está morto.

d) Ao anoitecer do Sábado Santo ocorre a principal celebração cristã do ano: a Vigília Pascal. Comemora-se a Ressurreição de Jesus.

3. Por que se adornam as igrejas durante a Semana Santa?

Durante a Sexta-feira Santa e o Sábado Santo, as igrejas são adornadas de maneira distinta do resto do ano. Em muitas delas é utilizado o preto e o roxo para a decoração. 

Em alguns lugares, cobrem-se os crucifixos uma semana antes de começar a Semana Santa e durante a Sexta-feira Santa e o Sábado Santo não há Eucaristia nem Água benta.

A Semana Santa é o período no qual se prepara e comemora a Paixão e Morte de Jesus Cristo

4. Desde quando celebram os católicos a Semana Santa?

A Semana Santa tem sido celebrada desde os princípios da Igreja. Há documentos que mostram que já no século IV, cristãos no Egito, na Palestina, na atual Turquia e na Arménia comemoravam a Paixão de Cristo. É provável que estas celebrações já tivessem tido lugar alguns anos antes. Este costume chegou à Europa no século V.

5. Quando se celebra a Semana Santa?

A Semana Santa começa com o Domingo de Ramos e termina com a Vigília Pascal durante a noite do Sábado Santo para o Domingo da Ressurreição. Cada ano é celebrada numa data diferente, que se fixa no domingo seguinte à primeira lua cheia da Primavera.

6. Quando ocorreu verdadeiramente a Semana Santa?

Calcula-se que a Ressurreição de Jesus se tenha produzido num domingo 9 de abril. De maneira que a Quinta-feira Santa terá tido lugar num 6 de abril.