segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Não é presunção falar de verdade em tema de religião e, ainda mais, afirmar que se conheceu a verdade na própria religião? por Ratzinger.

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liberdade
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“Neste ponto, outra decisiva pergunta impõe-se: Não é presunção falar de verdade em tema de religião e, ainda mais, afirmar que se conheceu a verdade na própria religião? Aquela verdade única, que certamente não exclui a presença de verdades nas outras religiões, mas que recompõe em unidade os fragmentos dispersos? Hoje se tornou um slogan comum qualificar como simplórios, além de arrogantes, aqueles aos quais se pode reprovar a presunção de ‘possuir’ a verdade. (Observação minha: Note-se que é uma falácia, até mesmo uma mentira, dizer que a convicção de ter encontrado a verdade, faça alguém ‘possuir’ a verdade. O cristão católico não ‘possui’ a verdade, mas é possuído por ela! A Verdade não é algo, é Alguém! Somente quem não descobriu esse Alguém é que pode nos acusar de ser pretensiosos por ter encontrado a Verdade. Por puro dom, ela veio a nós! Seu nome: Jesus Cristo. Se Ratzinger é tão convicto do que fala, é porque ele mesmo, como cristão e filho da Igreja, experimenta o que significa ser possuído por essa Verdade. Não é por acaso que o seu lema de Bispo é  ‘Cooperadores da Verdade’). Parece que tais pessoas são fechadas ao diálogo e, portanto, não merecem ser levadas a sério. Ninguém ‘possui’ a verdade! Todos nós podemos sempre e somente mantermo-nos à sua procura.
Mas, poder-se-ia argumentar: que tipo de procura é essa que não pode mais chegar a uma conclusão?Procura de verdade ou, ao invés, não tem nenhuma intenção de encontrar, visto que o objeto da procura não pode existir? Além do mais, não é reduzir a uma caricatura o pensamento daqueles aos quais se atribui a pretensão de ‘possuir’ a verdade? Em nenhum caso a verdade se torna uma posse. A relação com ela deve ser sempre de humilde adesão, no temor de poder tornar-se indigno dela. Eu não posso vangloriar-me do dom recebido, como se se tratasse de uma coisa minha. Devo, ao invés, saber colocá-lo a serviço dos outros. O mesmo afirma também a fé: a dessemelhança entre o que nós conhecemos e a Verdade em si mesma é sempre imensamente maior que o dom da semelhança. E, contudo, essa imensa diferença não reduz o conhecimento a não-conhecimento, a verdade a não-verdade.
A mim parece que a acusação de presunção deveria ser invertida. Não seria, talvez, presunção, afirmar que Deus não pode nos dar o presente da verdade? que ele não é capaz de abrir nossos olhos? Não é desprezar Deus afirmar que nascemos irremediavelmente cegos e, portanto, a verdade não é tarefa nossa? Não é degradar o homem e o seu desejo de Deus considerar-nos como condenados a caminhar sempre às apalpadelas no escuro? A verdadeira presunção entra em jogo quando somos nós a querer tomar o lugar de Deus para estabelecer quem somos, o que podemos decidir, o que queremos fazer de nós mesmos e do mundo. Na realidade, o conhecimento e a procura não se excluem reciprocamente” (Do livro Introduzione a Ratzinger, de Dag Tessore).

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