domingo, 22 de maio de 2016

Santíssima Trindade


Evangelho do dia (Jo 16,12-15):

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 12“Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas não sois capazes de as compreender agora.
13Quando, porém, vier o Espírito da Verdade, ele vos conduzirá à plena verdade. Pois ele não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido; e até as coisas futuras vos anunciará.
14Ele me glorificará, porque receberá do que é meu e vo-lo anunciará. 15Tudo o que o Pai possui é meu. Por isso, disse que o que ele receberá e vos anunciará, é meu”.

Homilia:

Santíssima Trindade

“Quem me dera ao menos uma vez
entender como um só Deus ao mesmo tempo é três”
(Legião Urbana, Índios, 1982)

A celebração da Santíssima Trindade não é uma celebração para entender como um só Deus ao mesmo tempo é três, mas para contemplar, vivenciar e celebrar o mistério central da nossa fé.
E por que é importante contemplar a Santíssima Trindade? Porque, dependendo da visão de Deus que tenhamos, tal será a nossa relação com Ele. Se para mim Deus é algo, uma energia, um regente cósmico ou mesmo tão somente um criador, não necessariamente terei alguma relação com ele. A energia está aí, dispomos dela ou não; um regente cósmico ditaria as leis naturais, e ainda que eu seja regido também por elas, não necessariamente tenho alguma relação senão a de me conformar com tais leis; um criador não necessariamente precisa ter qualquer tipo de relação com aquilo que criou. Ou seja, dependendo da minha concepção de Deus, pode acontecer que eu creia n’Ele e, ao mesmo tempo, dar-se que Ele não tenha nenhum influxo nas minhas decisões e escolhas diárias. Quantos são os que afirmam crer em Deus e vivem muito bem sem rezar, sem participar da Missa, sem ler a Bíblia?!
Por isso, meus caros, é que a Liturgia nos reserva sabiamente esta celebração: para contemplarmos o Deus Uno e Trino e nos darmos conta de que ao se revelar como Trindade Santa, somos chamados a uma relação muito pessoal com Ele. Ainda que, na Bíblia, não encontremos a expressão Santíssima Trindade, ao percorrermos suas páginas nos deparamos com a revelação que Deus faz de Si como tal:
No Antigo Testamento, Deus revela-se como Criador, mas não como Alguém que cria ou quem fabrica algo. Os cuidados em proporcionar o necessário para o homem e o fato de ter soprado em nós do Seu próprio hálito, tornando-nos viventes (cf. Gn 2,7), somados ao fato de, depois do pecado, Deus incansavelmente dirigir-se à humanidade propondo alianças, ensinando, admoestando, conduzindo, provendo, nos mostra que somos objeto do amor de Deus.
Aliás, tanto Deus amou o mundo que nos deu seu próprio Filho (cf. Jo 3,16). O Deus invisível se revelou, se fez ver (cf. Cl 1,15), aquele gerado por todos os séculos entrou no tempo e se fez homem, e nele nós vimos a glória de Deus, pois quem o vê, vê o Pai (cf. Jo 14,9).
E Ele vai ainda mais longe: não tendo bastado revelar-se como Pai ao nos criar, não tendo bastado revelar-se como Filho ao nos redimir, quis ainda revelar-se como Espírito Santo ao envolver-nos em Sua vida – mistério que celebramos no Domingo passado, em Pentecostes.
Justamente porque é comunhão perfeita, ao ter-nos feito à sua imagem e semelhança (cf. Gn 1,26), quer que também participemos dessa comunhão. Esse foi o pedido de Cristo ao Pai na sua oração sacerdotal – “Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que eles também sejam um em nós” (Jo 17,21). O Deus Trindade não é somente um Deus no qual cremos, mas um Deus com o qual nos relacionamos, nos envolvemoscomungamos. O Deus Trino não é 1 + 1 + 1; O Deus Trino é 1 por 1 por 1, é Um, Uno! E n’Ele somos chamados a sermos um também!
Daí entendermos porque o maior mandamento (no singular!) seja “amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e com todas as tuas forças, e amarás o próximo como a ti mesmo” (Mc 12,30). Ao amarmos o próximo, ao sermos para o próximo, refletimos a imagem e semelhança de Deus e entramos na dinâmica da comunhão com Ele.
Tal espiritualidade e forma de se conceber a vida é consequência de cremos em Deus Uno e Trino. Vivamos assim e enfim entenderemos como um só Deus ao mesmo tempo é três! Santa Maria nos ajudará, ela que é filha de Deus Pai, Mãe de Deus Filho e esposa do Espírito Santo. Amém.

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