
O episódio da Torre de Babel (Gn 11, 1-9) não tem a finalidade de
explicar a origem das línguas.
Essa torre muito alta deve ser entendida como as que havia na Babilônia
(Ziggurats) que os arqueólogos têm encontrado. Tinha a forma de pirâmide com
vários patamares e eram monumentos religiosos ou templos pagãos.
Os antigos babilônicos concebiam o mundo como uma alta montanha e
achavam que os deuses habitavam nos cumes dos montes; então, colocavam no
último patamar das torres a morada dos deuses da cidade. Na Babilônia a torre
mais famosa era a do deus Marduque, chamada de “casa do fundamento do céu e da
terra”.
Era o poder político da Babilônia divinizado. Assim, a torre de Babel
mostra um empreendimento pagão religioso, de homens que queriam criar para si
um nome famoso, que os mantivesse unidos, formando assim um poderoso centro
político e cultural, impregnado do culto de um ídolo. Queriam construir, longe
do Deus verdadeiro, um centro político e religioso que tivesse domínio
universal. O símbolo desse poderio seria a torre muito alta. Mas o Senhor
confundiu a linguagem das pessoas e colocou confusão entre elas (Gn 11,7).
Deus permitiu que a soberba daqueles homens pagãos se voltasse contra
eles mesmos e se desentendessem entre si, afastando-se uns dos outros e
fracassando no seu projeto. Não é que tenha havido uma súbita multiplicação das
muitas línguas, mas em consequência da dispersão haviam surgido lentamente as
línguas diferentes.
A mensagem forte do episódio narrado é que pela falta de uma união
interior feita pelo Deus verdadeiro, aconteceu o esfacelamento do grupo. O
autor sagrado deu o nome de Babilônia à cidade orgulhosa de Gn 11; na história
sagrada este nome tornou-se o símbolo do poder deste mundo que se faz adverso e
inimigo de Deus.
Mais tarde, no início do Cristianismo, os cristãos vão identificá-la com
a cidade de Roma que matava os cristãos. É a Babilônia do Apocalipse.
O episódio da torre de Babel quer mostrar que o mal que foi gerado pelo
pecado original, consumado na morte de Abel, punido pelo dilúvio, vai-se
alastrando cada vez mais, o que faz constituir um povo à parte em Abraão (Gn
12) a fim de preparar a salvação da humanidade perdida no pecado.
Podemos dizer que em Babel, devido à soberba dos homens, houve a divisão
e o desentendimento, e as línguas se multiplicaram. Os povos antigos viam a
grande diversidade de línguas causada pela divisão entre os homens, e
consideravam isto uma desgraça e mesmo um castigo por causa do pecado.
No dia de Pentecostes, na consumação da Redenção trazida por Cristo, os
grupos de nações diversas foram reunidas, louvando a Deus numa só língua,
no mesmo Reino de Deus.
As línguas de Pentecostes mostram um homem de coração novo, e derruba as
barreiras antigas de cultura, raça, idiomas, interesses, etc., reunindo todos
novamente na Igreja, a família nova de Deus, como irmãos unidos no mesmo ideal
de amar e servir a Deus, longe de uma vida de orgulho e soberba que divide e
faz os homens não se entenderem nem mesmo na língua.
Prof. Felipe Aquino
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