domingo, 12 de fevereiro de 2017

Seremos nós “larápios” de Deus?

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Quem de nós, acompanhando as notícias e contemplando o cenário político-social do Brasil e do mundo, no terá ouvido algumas (ou muitas!) vezes as palavras “fraude”, “propina”, “operação lava-jato”. “impeachment”… O que pensar disso, senão que vivemos num mundo de LARÁPIOS?
LARÁPIO… Para os jovens leitores que não sabem o significado desta palavra aqui está a simples definição segundo o dicionário da Língua Portuguesa: indivíduo que furta; ladrão.
Mas qual será a origem deste termo tão incisivo?
A palavra LARÁPIO tem origem interessante: havia em Roma um juiz que vendia sentenças. O juiz se chamava Lucius Amarus Rúfilus Apius. Quando proferia suas sentenças assinava: L.A.R. Apius. Daí surgiu o termo LARÁPIO.
Mas será que LARÁPIOS são apenas aqueles que violam o 7º mandamento da Lei de Deus no tocante aos bens alheios? Pode em nosso meio existir também LARÁPIOS? Não seremos nós também um deles?
Vejamos o que nos diz Mons. João Clá Dias a esse respeito:
“Humildade é aquela virtude que nos faz ter uma visão clara, equilibrada a respeito do que somos, temos, podemos. Não é uma visão diminuída a respeito de si próprio, é uma visão equilibrada. E, portanto, não é uma exacerbação do juízo que se faz a respeito de si mesmo. Isto é fruto da virtude da temperança. Quem tem humildade e mansidão é pequenino, este é pequenino.
E os que são mansos e humildes recebem estas coisas que os sábios e os entendidos não recebem, porque os “sábios”, entre aspas!, os “entendidos “, entre aspas!, são aqueles que se julgam muito mais capazes do que na realidade.
São aqueles que atribuem a si o que pertence a Deus e, portanto, são uns ladrões, ladrões de Deus. São “teolarápios “, roubam a Deus. Essa é a realidade. E esse é todo o orgulhoso. É um ladrão de Deus, cleptomaníaco de Deus, “teoclepto”, aí está. 1
O início do ano é um tempo propício para um sério exame de consciência. E se percebermos em nós algo do tal Lucius Rufus, não percamos a confiança, pois Mons. João Clá Dias, ademais de nos alertar, nos dá o remédio para a cura deste mal:
“O que é preciso é tomar essa posição de filho da Igreja e de Nossa Senhora, não reservando nada para si, restituindo tudo, reportando tudo, servindo desinteressadamente até o último ponto, depois dizendo:
‘”Eu sei que eu não sou apenas um servo inútil, mas que eu sou um servo infiel, que eu não fiz tudo quanto deveria fazer. Mas ao menos essa tristeza de não ter chegado até o limite, Nossa Senhora preencha com sua misericórdia e com minhas lágrimas, de maneira a chegar até o limite’. Esse é o programa da fidelidade. […] Pedir a Nossa Senhora que nos comunique uma centelha da alma d’Ela, através de São Luís Grignion, um pouco do espírito de Elias, do espírito de São Luís Grignion, de maneira tal que queiramos ser isso como ideal de nossa vida: o servo bom e fiel que foi filho em toda linha e que restituiu tudo aquilo que tinha de restituir.
Essa posição é o suco da pequena via – tenho certeza disso – do filho amoroso, desinteressado, abrasadamente amoroso. Este é o tal amor que move as criaturas, é a mola do universo. […]2
Como alcançar esta graça da restituição, a qual consiste essencialmente em atribuir a Deus os dons d’Ele recebidos? Nossa Senhora é a garantia. Deixemo-La agir na alma e ” Ela nos ensinará a glorificar ao Senhor por ter contemplado o nosso nada e, como resultado, nosso espírito exultará de paz e alegria (cf. Lc 1, 47).”3
Por Ir. Cecilia Maria Almeida, EP
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1 CLÁ DIAS, João Scognamiglio. Homilia. Mairiporã, 2008.
2 Id. Conversa, 1970
3 Id. O precursor e a restituição. In: Arautos do Evangelho. São Paulo: Ano IV, n. 37, jan. 2005, p. 11.

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