1. “Senhor, ficai conosco”
Essas palavras pronunciaram-nas pela primeira vez os discípulos de Emaús. Em seguida, no decurso dos séculos pronunciaram-nas, vezes infinitas, os lábios de tantos discípulos e confessores vossos, ó Cristo.
As mesmas palavras pronuncio eu hoje como Bispo de Roma e primeiro servo deste templo, que surgiu no lugar do martírio de São Pedro.
Pronuncio-as para convidar-vos, Cristo, na Vossa presença eucarística, a acolher a quotidiana adoração, prolongada pelo dia inteiro, neste templo, nesta basílica e nesta capela.
Ficai conosco hoje e ficai, daqui em diante, todos os dias, conforme o desejo do meu coração, que satisfaz o apelo de tantos corações de várias partes, por vezes afastadas, e sobretudo de tantos que habitam nesta Sé Apostólica.
Ficai! A fim de podermos nos encontrar convosco na prece de adoração e de ação de graças, na prece de expiação e de súplica, a que são convidados todos os visitantes desta basílica.
Ficai! Vós que estais ao mesmo tempo coberto no mistério eucarístico da fé e juntamente descoberto sob as espécies do pão e do vinho, as quais tomastes neste sacramento. Ficai! para que se reconfirme incessantemente a Vossa presença neste templo, e todos aqueles que nele entram notem que ele é a Vossa casa, “o tabernáculo de Deus entre os homens” (Apoc 21, 3) e, visitando esta basílica, encontrem nela a fonte mesma “de vida e de santidade que brota do Vosso coração eucarístico”.
2. Anunciamos, Senhor, a Vossa morte e proclamamos a Vossa ressurreição
Damos início a essa adoração perpétua, cotidiana, do Santíssimo Sacramento no princípio do Advento do Ano do Senhor de 1981, ano em que foram celebrados jubileus e aniversários importantes para a Igreja, ano de relevantes acontecimentos.
Tudo isso se realizou e se realiza entre a Vossa primeira e Vossa segunda vinda.
A Eucaristia é o testemunho sacramental da Vossa primeira vinda, com a qual foram reconfirmadas as palavras dos profetas e satisfeitas as expectativas. Deixastes-nos, ó Senhor, o Vosso Corpo e o Vosso Sangue sob as espécies do pão e do vinho, para que afirmem a sucedida redenção do mundo — a fim de que o Vosso Mistério Pascal atinja todos os homens, como sacramento de vida e salvação. A Eucaristia é, ao mesmo tempo, constante prenúncio da Vossa segunda vinda, o sinal do Advento definitivo e, ao mesmo tempo, da expectativa de toda a Igreja:
“Anunciamos, Senhor, a Vossa morte e proclamamos a Vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus!”
Desejamos, cada dia e cada hora, adorar-Vos, escondido sob as espécies do pão e do vinho, para renovar a esperança da “chamada para a glória” (cf. 1 Ped 5,10), cujo início Vós constituístes, com o Vosso corpo glorificado, “à direita do Pai”.
3. Um dia, Senhor, perguntastes a Pedro: “Amas-Me?”.
Perguntaste-lo por não menos de três vezes — e por três vezes respondeu o apóstolo: “Senhor, Vós sabeis que Vos amo” (Jo 21,15-17).
A resposta de Pedro, sobre cujo sepulcro foi erguida essa basílica, exprima-se mediante essa adoração de cada dia e do dia inteiro, que hoje iniciamos.
O indigno sucessor de Pedro na Sé romana — e todos aqueles que participam na adoração da Vossa Presença Eucarística — atestem mediante cada visita sua e façam de novo ressoar aqui a verdade encerrada nas palavras do Apóstolo:
“Senhor, Vós sabeis tudo, Vós bem sabeis que Vos amo”.
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