Um estudo realizado por Tom Anderson, engenheiro e desenvolvedor nova-iorquino, concluiu que a bíblia faz referências a “assassinato” e “destruição” com mais frequência do que o alcorão.
Usando o software de análise Odintexte, ele contou o número de ocorrências de palavras pertencentes a um campo semântico violento. Depois de dois minutos e de 886.000 palavras analisadas, as conclusões do Odintexte foram taxativas: termos ligados a morte, assassinato e destruição constituem 2,1% do livro sagrado dos muçulmanos, contra 2,8% do Novo Testamento e nada menos que 5,3% do Antigo Testamento.
Devemos ir mais a fundo antes de dizer amém aos seus argumentos “científicos” amparados em estatísticas descontextualizadas.
O significado das palavras
Um internauta deu uma primeira resposta – cheia de bom senso – às tabelas apresentadas por Tom Anderson: este estudo só leva em conta a ocorrência das palavras, mas não o significado das frases.
Segundo o método Odintexte, de fato, estariam em pé de igualdade frases como estas:
“Quando os meses sagrados houverem transcorrido, matai os incrédulos onde quer que os encontreis” (Sura 9, Verso 5 do alcorão)
e
“Ele ressuscitou dentre os mortos e eis que vos precede na Galileia; lá o vereis” (Mt 28,7).
O pe. François Jourdan, especialista em islã, adverte: “Entre o alcorão e a bíblia, palavras iguais têm significados diferentes porque fazem parte de coerências doutrinais muito diferentes: visão de Deus, de si mesmo, do mundo e dos outros”. O sacerdote toma o exemplo da palavra “misericórdia”: na bíblia, ela surge “das entranhas” do Salvador, de acordo com a raiz hebraica do termo. Já no alcorão, “misericórdia” é simplesmente a compaixão de alguém que é forte para com os fracos.
O pe. Jourdan acrescenta, ainda, algo que não pode entrar no computador de Tom Anderson: a relação dos fiéis com os textos sagrados.
Para os muçulmanos, Deus é o próprio autor do alcorão, enquanto, para os cristãos, a bíblia é inspirada por Deus, mas escrita por pessoas sob a influência de séculos de tradição oral. “Para os cristãos, à luz plena de Cristo, Deus é Amor (1 Jo 4, 8-16) – e puro Amor. Isto obriga os cristãos a corrigirem a leitura dessas violências como ligadas à redação humana e aos seus contextos históricos delimitados, e não a uma ‘redação de Deus’. O número de palavras nada tem a ver com os seus sentidos – e a visão de Deus é completamente diferente entre o alcorão e a bíblia”.
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