quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Catequese com Adultos: A Igreja é Santa

 Na sua humanidade, a Igreja cresce como uma resposta ao Deus que age na história dos homens.
Por Diac. José Barbosa de Miranda
Brasília, 20 de Julho de 2015 (ZENIT.org)
Continuando a catequese sobre as propriedades essenciais da Igreja, como o fizemos em artigos anterioresagora veremos que a IGREJA É SANTA. A sua santidade é fundamentada na Sagrada Escritura, professada pela Sagrada Tradição, testemunhada pelos Padres da Igreja e ensinada pelo Magistério da Igreja.
A SANTIDADE NA SAGRADA ESCRITURA E NA IGREJA
A origem do conceito de santidade que se faz sobre a Igreja origina no Antigo Testamento e se aplica no Novo. A expressão santidade aparece como separação do que é puro do impuro. Nele a santidade é propriedade de Deus: “Santo, santo, santo é Iahweh dos Exércitos, a sua glória enche toda a terra”[1]Dizer “Deus” é o mesmo que dizer “santo”. Assim, o povo de Deus é santo e constitui “uma nação santa”[2]porque é de Deus ou para Deus. Os mandamentos são santos[3], a terra é santa[4] o templo é santo[5], Jerusalém e santa[6]. Tudo o que está em contato com o culto é santo[7]. O povo é santo quando é convocado e reunido para o culto de Deus santo numa “santa assembleia”. Esses valores são transferidos ao Novo Testamento para a Igreja, uma nova realidade de um novo povo congregado em Cristo e sua novidade: Cristo e o Espírito Santo comunicado por ele. Cristo é santo, pois tem sua existência no Espírito e por vontade do alto[8]. Jesus Cristo é o santo de Deus[9]. Jesus Cristo é a origem e o centro de todo um novo povo consagrado e santo. Em referência a Cristo, de quem tudo procede, e no Espírito Santo, que é comunicação de Deus, os fiéis e o povo por ele formado são um templo santo, um sacerdócio santo que podem oferece sacrifícios espirituais santificados no Espirito[10].
O selo da santidade da Igreja se identifica na sua origem e sua missão: “O primeiro valor que encontramos na afirmação da santidade da Igreja deriva daquilo que faz desta Igreja a pertença de Deus: eleição, vocação, aliança, consagração, habitação; a Igreja é o lugar onde se presta a Deus o culto que ele deseja”[11].

A Igreja, como obra de Cristo, é criada santa e conservada santa pelo próprio Cristo. “Cristo amou a sua Igreja e se entregou por ela, a fim de purificá-la com o banho da água e santificá-la pela Palavra, para apresentar a si mesmo a Igreja, gloriosa, sem manha nem ruga, ou coisa semelhante, mas santa e irrepreensível”[12]Isso exige um exercício permanente de crescimento na intimidade de Jesus. É uma pertença ética, exercício de santidade, co-habitação da Trindade. Ela não é santa somente pela forma como é apresentada, mas como personificação da divindade entre os homens, é a esposa de Cristo.
A IGREJA É SANTA E DE PECADORES
Alguns pecadores encontraram a exclusão da sociedade, mas encontraram a acolhida e a misericórdia na Igreja. Convive na Igreja uma comunidade de santos e pecadores. A Igreja é, também, de pecadores. Jesus deixara para o ultimo dia a separação do trigo e do joio misturado no campo (Mt 13,24-40), a separação do trigo e da palha na pá do ceifador (Mt 3,12 e 25,31-41), a dos bons e maus peixes pescados na mesma rede que só serão separados na praia (Mt 13,47-50). A Igreja se reconhece como uma Igreja de pecadores. À medida que ela se reconhece constituída de pecadores chamados à conversão, teve que desenvolver uma teologia da penitência do legado de Cristo:“Aqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; aqueles aos quais retiverdes, ser-lhes-ão retidos” (Jo 20,23).
A Igreja é santa porque é de Deus, mas é constituída de homens, por isso inclui a resposta livre que seus filhos, santos por vocação, dão ao chamamento de Deus que oferece a sua graça. Há mais chamados do que escolhidos. Existe, na Igreja, do ponto de vista da santidade, uma dialética entre aquilo que é dado por Deus e a quilo que é acolhido e realizado pelos homens. A Igreja peregrina, a que está a caminho da perfeição, percorre etapas sucessivas até adequar à vocação, como diz São Paulo, de se tornar “hóstias vivas e agradáveis a Deus; é este o vosso culto espiritual. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos, renovando a vossa mente, a fim de poderdes discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, agradável e perfeito” (Rm 12,1-2).
A GRAÇA NA IGREJA
O Espírito Santo habita a Igreja, que é seu templo santo. Por ele Cristo realiza as operações santas: a pregação das testemunhas, a fé dos crentes, a vida pastoral e a santificação dos sacramentos. Desde seu primórdio, na primeira comunidade de Jerusalém, os apóstolos creram e disseram: “Pareceu bem ao Espírito Santo e a nós” (At 15,28). Por isso a Igreja, comunidade da eleição, não deixa de produzir santos e frutos de santidade. Relaciona-se à sua causa transcendente pelo Espirito Santo.
Não se nega que na Igreja existem faltas e pecados. A Igreja é uma realidade histórica e concreta e os homens são a matéria dessa realidade, e eles são pecadores. Sabemos que seus pecados estão fora da Igreja, mas eles estão na Igreja. A ela os pecadores pertencem ligados pela fé e pela instituição da graça, estão abertos à penitência e à santificação. Para chegar à pureza total, são conduzidos fraternamente, como membros de um mesmo Corpo, a formar uma unidade de perfeição plasmada conforme desejo do seu fundador: “Eu neles e tu em mim, para que sejam perfeitos na unidade” (Jo 17,23).
A Igreja aparece como sinal dinâmico, e nesse sentido, sacramento, presença ativa e salvadora. Na sua humanidade, a Igreja cresce como uma resposta ao Deus que age na história dos homens.


[1] Is 6,3
[2] Ex 19,6
[3] Cf. Sl 105,42; Jr 23,9
[4] Sb 12,3.7; o lugar onde Deus se manifesta é santo: Gn 28,16s; Ex 3,5; 19,12; Lv 17,1
[5] Cf. Sl 5,8; 11,4; 28,2; 65,5; 79,1; 138,2; Dn 3,53; Jn 2.5.8; Ml 3,1; Eclo 49,14
[6] Cf. Sião, a montanha sagrada: Sl 2,6; 43,3; Is 56,7
[7] Sl 132, 9.16;o sumo sacerdote: Ex 28,36
[8] Lc 1,35
[9] Cf.Mc 1,24; Lc 1,35; 4,34
[10] Cf. Rm 15,16; 12,1
[11] Mysterium Salutis, vol. IV, A IGREJA, P.94. Vozes 1976
[12] Ef 5,25-27’

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