quinta-feira, 18 de junho de 2015

Catequese com Adultos: Eucaristia, do símbolo ao sinal

 Um mergulho na linguagem simbólica da Eucaristia.
Por Diac. José Barbosa de Miranda
Brasília, 05 de Junho de 2015 (ZENIT.org)
Já comentamos sobre a Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, no contexto das celebrações durante o Ano Litúrgico. Naquele artigo lembramos sua história, sua liturgia e um pouco de teologia. No artigo anterior apresentamos uma reflexão sobre a Trindade Santa. Agora, podemos em continuidade com os mistérios de Cristo, mergulharmos na linguagem simbólica da Eucaristia.
SINAL E SÍMBOLO COMO LINGUAGEM INTELIGÍVEL DA FÉ
Usamos, como recursos de comunicação, a linguagem dos sinais e símbolos para falar de uma verdade que a nossa inteligência tem dificuldades para descrevê-la.  Pelos símbolos e sinais, no campo religioso, o homem dá sentido à sua comunicação com o transcendente. A limitação humana, para falar de Deus, levou-o a criar formas de expressões que ajudam a comunicar-se com o divino. Não são formas perfeitas, mas auxiliares. “Chama-se sinal uma realidade sensível que revela em si mesma carência e remete a outra realidade ausente ou não presente de igual modo”[1]. Já a palavra símbolo deriva do grego, symbalon, que quer dizer lançar junto, colocar junto, confrontar. Uma parte que precisa ser completada por outra para formar um todo, uma realidade. O símbolo só tem sentido quando estiver junto como que representa. Sinal contém ao que se refere e símbolo não o contém, é dependente. Assim, Eucaristia é sinal de Cristo e não símbolo.
Agora vamos entender algumas prefigurações, símbolos, da Eucaristia, no Antigo Testamento:
  1. O cordeiro imolado no Egito, com símbolo da libertação dos hebreus.  Deus determinara o sacrifício do cordeiro, macho, sem defeito e seu sangue posto nos umbrais das portas como símbolol de salvação, um memorial perpétuo[2]. A páscoa judaica preparava a Páscoa Cristã. O Cordeiro de Deus imolado na cruz, homem, sem pecado, é comido na Ceia[3] como “nova Aliança em meu sangue, que é derramado em favor de vós”. E Por isso é um memorial. Lá no Egito é um símbolo que toma forma concreta a partir da Última Ceia e se consuma na cruz. É um novo Cordeiro, um novo Sangue, uma nova e verdadeira libertação.
O principal elemento sacrificial nós o encontramos em 1Cor 11 onde estão implícitas a fórmulas institucionais da Eucaristia, a comunhão com a divindade no banquete sacrificial. Nele, a divindade se torna presente de modo único e especial por meio da Eucaristia, onde a comunhão só se realiza por meio de Jesus Cristo, que é homem e que, como homem, é corpo. Assim, o corpo se torna realmente presente. Então, Eucaristia é sinal, contém verdadeiramente o Corpo e Sangue de Jesus Cristo, pois “esse Corpo que é dado por vós” é o mesmo Jesus Cristo que morreu, ressuscitou, está sentado à direita do Pai e foi glorificado. Por isso a Nova e eterna Aliança nos comunica, pelo mistério eucarístico, a exaltação do Corpo de Jesus que gera a Igreja, através da participação no corpo e sangue da vítima. O corpo de Cristo é a Igreja, por isso a Eucaristia é um sinal efetivo da unidade cristã. A Eucaristia está ligada a uma refeição feita em comum por todos os membros da Igreja, ágape ou festa de amor.
  1. No pé da montanha sagrada “Moisés tomou do sangue e o aspergiu sobre o povo, e disse: Este é o sangue da Aliança que Deus fez convosco, através de todas essas cláusulas”[4]. Aqui vemos um simbolismo. Moisés, intermediário entre Deus e o povo, une-o simbolicamente, espalhando sobre o altar que representa Deus, e depois sobre o povo, como símbolo de unidade entre o povo e Deus, pela aliança sinática. O sangue da vítima, novilhos como sacrifícios de comunhão, são símbolos usados pela Igreja, como prefiguração de outra aliança verdadeira: a eterna celebrada no monte sobre a Cruz redentora. Lá está um símbolo, aqui, a realidade. Lá a vitima e imperfeita, aqui é o Cordeiro verdadeiro. Lá o sangue é uma representação, aqui é uma realização. Moisés é uma prefigura de Cristo[5].  Na Nova Aliança a ratificação é feita uma vez por todas. Cristo, com seu sangue, o faz uma única vez, não é obra humana, não há simbolismo como o sangue de bodes ou de novilhos, mas o sangue do Sumo e Eterno Sacerdote que se oferece a si mesmo a Deus como vítima sem mancha[6].

NOSSA CATEQUESE
A Eucaristia entra na nossa vida para nos tornar comunhão fraterna, por isso a Eucaristia não é símbolo. A Eucaristia não representa Jesus, ela é Jesus Verdadeiro que se fez Pão, alimento na caminhada para a vida eterna, é sinal. Foi o que Jesus disse claramente ao se entregar como testamento aos seus: “Isto é meu Corpo. Este cálice é a Nova Aliança em meu sangue”[7].
Vemos na Eucaristia o Sacramento da Caridade, Cristo que se entrega por amor, nos assume em seu Corpo, fazendo-nos participantes de sua divindade, como dizia São Tomás de Aquino: “O unigênito Filho de Deus, querendo fazer-nos participar de sua divindade, assumiu nossa natureza, para que, feito homem, dos homens fizesse deuses” (In festo Corporis Christi, lect. 1-4).
A dimensão redentora realizada por Cristo se perpetua no seu mistério eucarístico. Não é para entender, é para crer, alimentar e viver para a vida eterna.
 
[1] Dicionário da Liturgia.
[2] Cf. Ex 12, 1-14
[3][3] Lc 22, 19-20;Mt 26,26-29; Mc 14,22-24; 1Cor 11,23-25
[4] Ex 24,8
[5] Hb 3,1-6
[6] Cf. Hb 9,11-15
[7] Lc 22,19-20

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