quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Homilia da Solenidade da Santa Mãe de Deus, Maria

(Nm 6,22-27 / Sl 66(67) / Gl 4,4-7 / Lc 2,16-21)

A benção da Antiga Aliança, dada por Deus a Moisés, é a promessa de que Ele acompanhará o seu povo e toda vez que este o invocar, derramará a Sua benção. Esse bênção expressa o profundo amor de Deus por Seu povo. Um amor que sustenta e gera uma descendência “tão numerosa quanto as estrelas do céu”. (Cf. Gn 15,5). Esse amor, que brota da Trindade é um amor fecundo e, a maternidade da mãe do Senhor, como diz von Balthasar, é estabelecida e sustentada pela fecundidade divina.[1]

Maria é fecundada pela ação do Espírito Santo e deixa-se guiar por essa mesma ação, gerando para o mundo o Salvador. Porém, tudo isso só foi possível porque Maria soube escutar e acolher a Palavra de Deus por meio do anúncio do anjo. O Evangelho de hoje nos diz que Maria guardava no coração todas as coisas que eram ditas a respeito do menino. A mãe parecia querer aprofundar-se no mistério de seu filho, que era, ao mesmo tempo, filho de Deus.

Na carta aos gálatas lemos que “Deus enviou seu Filho, que nasceu de uma mulher” (Gl 4,4). De fato, como afirmava veementemente São Cirilo de Alexandria: “o Verbo vivo subsiste, é gerado pela própria substância de Deus Pai, existe desde toda a eternidade. Mas ele se encarnou no tempo e por isso pode-se dizer que nasceu da mulher.”[2] Maria é Mãe de Deus, o Verbo que assumiu a natureza e a história humana, o fez para nossa salvação. Pois conforme Santo Irineu, “o que não foi assumido não foi redimido.”

Assim como a fecundidade do amor de Deus gera uma grande descendência, a fecundidade de Maria também o faz. “No momento em que Jesus, em Maria, se torna filho do homem, nós, filhos dos homens, nos tornamos filhos de Deus. Uma vez que ele de filho se faz servo, nós que éramos servos nos tornamos filhos: Já não és mais escravo, mas filho, nos recordou São Paulo.”[3] Por meio de Maria uma multidão adquire a filialidade divina em Jesus Cristo. Mais precisamente isso torna-se evidente no batismo, quando nos tornamos filhos de fato, tendo Deus como Pai amoroso e Maria por mãe, mãe do povo de Deus, mãe da Igreja, na qual somos inseridos e sustentados.

Hoje nós podemos e devemos ser imitadores de Maria. É necessário que acolhamos a Palavra de Deus, que nos deixemos fecundar por essa Palavra. Meditar e guardar no coração as riquezas que Jesus nos dá, para que possamos ser geradores de salvação através dessa Palavra que habita em nós. E o melhor lugar para acolher essa Palavra, como lembrou Bento XVI nesta mesma solenidade em 2010, é a celebração eucarística, afim de que dela transborde ao mundo a caridade como salvação para todos que acolherem esta palavra. 

 Rogai por nós Santa Mãe de Deus, para que no ano de 2015 possamos acolher, aprofundar e proclamar com mais entusiasmo a Palavra fecundada em nós!

 Pe. Thalis Pagot

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