domingo, 6 de julho de 2014

Evangelho e homilia do domingo

Evangelho do dia (Mt 11,25-30):

Naquele tempo, Jesus pôs-se a dizer: 25“Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos. 26Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado.
27Tudo me foi entregue por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, senão o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar.
28Vinde a mim, todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso. 29Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vós encontrareis descanso. 30Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.

Homilia:

Vinde a mim...
14° Domingo do Tempo Comum – Ano A

Ao meditarmos sobre a Liturgia da Palavra, opções devem ser feitas: poderíamos percorrer o caminho da meditação do conjunto das leituras da Missa, meditando acerca de uma mensagem geral sobre elas, ou poderíamos eleger alguns versículos e determo-nos mais profundamente sobre os mesmos. Optaremos, neste Domingo, por esta segunda via, olhando mais atentamente para os três últimos versículos do Evangelho, uma vez que aqui estão palavras que só se encontram no Evangelho segundo Mateus (e que, portanto, não voltarão nos dois próximos anos na nossa Liturgia dominical).

Vinde a mim
Essa exortação parece contrastar com a lógica da Encarnação, na qual é o Verbo que vem a nós, assumindo nossa natureza; esse fato, porém, nos permite colher um outro aspecto da verdade da Encarnação: com a sua vinda sobre a terra, Cristo não preencheu totalmente o espaço que nos separava d’Ele. A exortação vinde a mim implica, necessariamente, que haja uma estrada para chegar até o Senhor, e que essa deve ser percorrida singularmente por cada um que deseje encontrá-Lo verdadeiramente. O Senhor vem a nós, mas nós precisamos também ir até Ele!

Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados...
Cristo se dirige aos cansados e fatigados, prometendo-lhes consolação. Estas palavras exprimem o estilo inspirado pelo amor que Ele vive pessoalmente, e que na última Ceia propõe aos seus discípulos como modelo e como sinal de reconhecimento no mandamento novo (cf. Jo 13,34-35). Aqui, porém, Cristo não encontra pessoalmente os cansados e fatigados, mas os convida a irem até Ele. Obviamente, não pode se tratar de um movimento local, visto que Cristo, no Evangelho, é descrito não raras vezes como Aquele que entra nas casas dos doentes para curá-los (cf. Mc 1,29-31; Mc 6,38-41). A exortação vinde a mim não indica a condição superior de um soberano, pronto a beneficiar aqueles que lhe obsequiarem; seu significado é outroO Senhor sabe bem que poderia fazer pouco ou nada por um determinado homem, mesmo quando chegasse em sua casa e se colocasse sob seu teto, se por sua vez esse homem não tivesse para com Cristo o mínimo de movimento em Sua direção, ou seja, se não abrisse antes as portas do seu coração. Lembremos que o Senhor permaneceu tempo em Nazaré, mas o coração de seus concidadãos não se moveram em Sua direção, e ali Ele se viu impedido de realizar sua obra salvadora, pois não encontrou ali ninguém que tivesse fé (cf. Mc 6,5-6).
O fato de que Cristo dirija seu convite aos que estão cansados e fatigados exprime a ideia de que nem todos os homens são capazes de esperar qualquer coisa d’Ele. Em particular, aqueles que pensam não ser necessitados de cura, de libertação, que julgam não estar cansados e fatigados – até porque são esses geralmente os que causam cansaço e fadigam os irmãos –, os que pensam serem tão bons por si próprios, para esses não surte efeito nenhum o convite do Senhor. A esses a palavra de Deus não quer dizer nada. São aqueles que vivem em completa autossuficiência e não percebem a necessidade que o homem tem de um redentor. São os que negam a Cristo porque sustentam que o homem não precisa d’Ele.

Tomai sobre vós o meu jugo... meu jogo é suave e meu peso é leve
Aqui está expressa uma condição bem precisa como fundamento da paz oferecida pelo Senhor – tomai o meu jugo. O jugo do Senhor, não qualquer jugo. Lembremos que o jugo (ou canga) é uma trave de madeira que se coloca sobre o pescoço dos bois para puxar a carroça ou o arado e, de forma figurada, significa domínio, submissão. Na época de Jesus, por exemplo, a Palestina estava sob o jugo dos romanos.
Ora, pode parecer inadequado afirmar que precisamos tomar qualquer jugo sobre nós, pois então estaríamos nos colocando na mesma condição dos animais. Mas nos demos conta de que todo homem, ao agir, busca chegar aos resultados por ele pretendidos levando em conta determinados princípios aos quais obedece; ou seja, todos agimos levados por algum jugo! Agora, o jugo que não fere a dignidade humana, que não machuca a alma, aquele que nos guia de forma correta sem desviar-nos do Céu que temos por fim, esse jugo é o Senhor, é sua Palavra, é seu modo de ver o mundo e de ver a pessoa mesma.
Agora, um peso que seja leve parece um contrassenso, uma vez que leve é antônimo de pesado. Aqui o Senhor se refere ao amor com que Ele nos ama! Quando amamos, o que fazemos pela pessoa amada, por mais pesado que pareça, sempre se torna leve pelo amor que move«Qualquer outra carga te oprime e esmaga, mas a carga de Cristo alivia-te o peso. Outra carga qualquer tem peso, mas a de Cristo tem asas. Se a um pássaro lhe tiras as asas, parece que o alivias do peso, mas quanto mais lhe tires esse peso, tanto mais o atas à terra. Vês no solo aquele que quiseste aliviar de um peso; restitui-lhe o peso das suas asas e verás como voa» (Agostinho, Sermo126).

Na sua Subida ao Monte Carmelo, São João da Cruz nos resume o que vimos até aqui de forma magistral: «Como se dissesse: todos os que andais atormentados, aflitos e carregados com a carga dos vossos cuidados e apetites, saí deles, vindo a Mim, e Eu vos recrearei e achareis para as vossas almas o descanso que vos tiram vossos apetites» (Livro I, Cap. 7, n. 4).

Olhemos, por fim, para Santa Maria. Como a Mãe carrega com amor o “peso” dos filhos, aprendamos de Maria a viver a aventura do cristianismo autentico sob a ótica do amor. Aí então seremos aliviados, consolados, e nenhum mandamento do Senhor será pesado ou nos ferirá. Pelo contrário, tal jugo será para nós um bálsamos, tal peso nos permitirá alcançar as alturas da santidade. Amém.

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