Joseph Ratzinger fala sobre Karol Wojtyla
Entrevista com o Papa Emérito no livro "Ao
lado de João Paulo II - Amigos e Colaboradores falam", por Wlodzimierz
Redzioch
Por
Antonio Gaspari
ROMA, 07 de Março
de 2014 (Zenit.org)
- "Que João Paulo II era um santo, durante os anos de colaboração com ele,
se tornava cada vez mais e mais claro para mim. (...) Se doou com uma
radicalidade que não pode ser explicado de outro modo. (...) Seu empenho era
incansável, e não apenas nas grandes viagens, cujos programas eram cheios de
eventos do início ao fim, mas também no dia a dia, desde a missa matutina até
tarde da noite “.
Quem narra é Joseph
Ratzinger, o Papa emérito Bento XVI. Ele falou em entrevista exclusiva a
Wlodzimierz Redzioch para o seu livro "Ao lado de João Paulo - Amigos e
Colaboradores falam” (Editora Ares).
Sobre o primeiro
encontro entre ele e o Beato polonês, Papa Bento revela: "O primeiro
encontro com o Cardeal Wojtyla ocorreu no conclave em que foi eleito Papa João
Paulo I. Durante o Concílio, nós colaboramos na Constituição sobre a Igreja no
mundo contemporâneo, ainda que, em seções diferentes, de modo que não nos
encontrávamos". "Wojtyla - acrescenta - havia lido minha Introdução
ao Cristianismo, e também citado durante os Exercícios Espirituais pregados por
ele a Paulo VI e à Cúria na Quaresma de 1976. Portanto, é como se interiormente
estivéssemos à espera do encontro”. Desde o início despertou em mim uma grande
admiração e uma cordial simpatia pelo Metropolita de Cracóvia. No pré- conclave
de 1978, ele fez para nós uma análise estupenda sobre a natureza do Marxismo.
Mas, sobretudo, eu percebi imediatamente o fascínio humano que ele emanava, de
como ele rezava, eu percebi o quanto ele era profundamente unido a Deus."
Sobre o
relacionamento com João Paulo II, Ratzinger explica na entrevista que "a
colaboração com o Santo Padre foi caracterizada pela amizade e afeto. Esta se
desenvolveu, sobretudo, em dois níveis: o oficial e o privado (...) Sobre os
problemas teológicos, conversávamos sempre de maneira frutuosa".
"Além disso - diz ele - era de costume convidar para o almoço bispos em
visitas ad limina, bem como grupos de bispos e sacerdotes diversos, dependendo
das circunstâncias. (...) o grande número de presentes tornava a conversa
diversa e abrangente. E havia sempre espaço para o bom humor. Ele ria com
facilidade e assim, os almoços, mesmo na seriedade conferida ao momento, na
verdade, eram também oportunidade para estar em agradável companhia.
Acima de tudo, foi
a espiritualidade de João Paulo II que impressionou Ratzinger: "A
espiritualidade do Papa foi caracterizada principalmente pela intensidade das
suas orações, profundamente enraizada na celebração da Santa Eucaristia e
realizada juntamente com toda a Igreja, com a recitação do breviário. (...) Sua
devoção não poderia ser puramente individual, era também cheia de solicitude
para com a Igreja e para com os homens (...) todos nós sabemos do seu grande
amor pela Mãe de Deus. Doar-se totalmente a Maria significava ser, com ela,
totalmente do Senhor."
De acordo com o
Papa emérito, neste contexto deve ser compreendida a santidade de João Paulo
II: "Somente a partir da sua relação com Deus é possível compreender o seu
incansável empenho pastoral.”
Bento XVI contou
ainda que, durante a primeira visita de João Paulo II à Alemanha "pela
primeira vez, eu tive uma experiência muito concreta deste empenho enorme”.
"Durante sua estadia em Mônaco da Baviera - diz ele - decidiu que tinha
que dar uma pausa maior ao meio-dia. Durante esse intervalo, ele me chamou em
seu quarto. Encontrei-o a rezar o breviário e disse: ‘Santo Padre, o senhor
deveria descansar', e ele disse: ‘Eu posso fazer isso no Céu’. Somente quem
está profundamente empenhado com a urgência de sua missão pode agir assim”.
Na entrevista,
Ratzinger lista os desafios doutrinários enfrentados juntos: sobre a Teologia
da Libertação, o ecumenismo e a tarefa da Teologia na era contemporânea. Ele
analisa e destaca a importância das duas encíclicas "Redemptoris
Missio" e "Fides et Ratio".
Em conclusão, Bento
XVI escreve: "Minha recordação de João Paulo II é repleta de gratidão. Eu
não podia e não deveria tentar imitá-lo, mas eu tentei levar adiante o seu
legado e o seu trabalho, da melhor maneira que pude. E assim, tenho certeza de
que ainda hoje a sua bondade me acompanha e a sua bênção me protege."
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