Pode te fazer chorar de emoção, mas nem por isso está certo
Sinopse: Rico e bem sucedido, Will (Sam Claflin) leva uma vida repleta de conquistas, viagens e esportes radicais até ser atingido por uma moto, ao atravessar a rua em um dia chuvoso. O acidente o torna tetraplégico, obrigando-o a permanecer em uma cadeira de rodas. A situação o torna depressivo e extremamente cínico, para a preocupação de seus pais (Janet McTeer e Charles Dance). É neste contexto que Louisa Clark (Emilia Clarke) é contratada para cuidar de Will. De origem modesta, com dificuldades financeiras e sem grandes aspirações na vida, ela faz o possível para melhorar o estado de espírito de Will e, aos poucos, acaba se envolvendo com ele.
Eu não conheço você, mas posso afirmar que você enfrenta problemas. Muitos ou poucos. Grandes ou pequenos. Mas problemas. Todos precisamos lutar para superar adversidades em nossas vidas. Faz parte sofrer, afinal, não existe Ressurreição sem Cruz, e não existe Cruz que não leve à Ressurreição. Pois bem, mas se você ainda não assistiu ao filme e quer “manter a surpresa” do final, melhor parar de ler. Não é questão de spoiler, pois não queremos aqui analisá-lo de forma superficial a ponto de não poder contar o seu desfecho.
O longa trata abertamente da eutanásia, também chamado de suicídio assistido. E o que queremos pôr em cheque aqui é: o que leva uma pessoa a escolher a morte? A entender que nada mais vale a pena? Will tinha tudo que um jovem do mundo gostaria de ter: dinheiro, mulheres, viagens, aventuras etc, até que de repente tudo mudou. Por ele ser tão feliz com a vida que tinha, nunca aceitou sua nova condição de tetraplégico e o fato de não mais poder fazer o que lhe trazia alegria. Will nunca assumiu sua nova condição nem seus novos problemas (pois mesmo antes do acidente ele os deveria ter). O pensamento de Will reflete justamente o que prega a sociedade atual: uma vida em que o prazer e o bem estar do indivíduo estão acima de qualquer coisa. Ninguém merece viver uma vida sofrida e qualquer solução é válida para eliminar a dor. Será?
Como cristãos, cremos que Jesus Cristo veio para nos dar a vida em abundância (Jo 10, 10) e Ele próprio mostrou que as aflições eram em vista de algo maior. Na Encíclica “Evangelium Vitae” (Evangelho da Vida) o Papa João Paulo II ensina que a eutanásia “é um ato gravemente imoral, porque comporta a recusa do amor por si mesmo e a renúncia aos deveres de justiça e caridade para com o próximo, com as várias comunidades de que se faz parte, e com a sociedade no seu conjunto”. O quão egoísta pode ser a decisão de encerrar sua vida sem levar em conta o sofrimento que estará causando aos seus entes queridos. É ignorar o que ainda pode ser vivido e principalmente desprezar o amor e a compaixão das pessoas que nos amam. E no filme é triste ver o quanto Louisa tenta fazer Will mudar de ideia para, ao final, perceber que não há esperança, que o amor não foi o suficiente.
Francesco Clark, autor de Walking Papers, livro que conta sua vida depois de um acidente que o deixou tetraplégico, teve sua obra citada no filme e confessou que ficou com raiva “por ter sido involuntariamente associado a um enredo que sugere que a única opção para vítimas de traumatismos e lesões é a morte”. E ainda completou: “Nunca perguntaram se meu livro poderia ser incluído, muito menos avisaram que seria citado. Compreendo que o filme é baseado em um trabalho ficcional, mas o meu livro – e a minha vida – não são. Trabalhei duro para mostrar às pessoas que ser tetraplégico não é o fim da vida. É apenas o começo”, afirmou ele.
Dizia Santo Agostinho que “nunca é lícito matar o outro: ainda que ele o quisesse, mesmo se ele o pedisse, porque, suspenso entre a vida e a morte, suplica ser ajudado a libertar a alma que luta contra os laços do corpo e deseja desprender-se; nem é lícito sequer quando o doente já não estivesse em condições de sobreviver”. O que Hollywood faz é maquiar este hediondo crime contra a dignidade humana ao levar o espectador a pensar “mas ele realmente sofria, era melhor que morresse logo mesmo” ou “quem sou eu para julgar a sua escolha diante da dor?”. Isso é muito perigoso, quantas pessoas sem sentido de vida poderão sair de uma sessão de cinema dispostas a morrer também? E a sociedade vai achar normal, que está tudo bem desde que seja escolha dela. Mas é como diz a música de Ana Gabriela, “é melhor ser livre para aprender a sofrer do que viver como escravo do próprio querer”. Ora, a nossa vida não é nossa, não devemos viver para nós e sim para o outro, para Deus que está no outro. E existem coisas que não nos cabe decidir.
Há ainda muitas questões que poderiam ser trazidas à tona em relação à eutanásia, mas vamos voltar ao filme. A produção é excelente, tem bons nomes no elenco, fotografia e locações de tirar o fôlego e uma história que tinha tudo para ter um final feliz, se não fosse interrompida precocemente pelo egoísmo de uma das partes. Que “Como eu era antes de você” nos faça repensar em como escolhemos viver e não sobreviver. Diferentemente de Will, escolhamos amar e deixar sermos amados, porque o amor não só vale a pena, vale a vida, a nossa vida!
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