domingo, 12 de março de 2017

5 maneiras eficazes para anunciar Deus aos ateus e agnósticos


Um filósofo francês lança o “Anti-Manual da Evangelização”, com sugestões curiosas e interessantes
Qual é a maneira mais eficaz de falar de Deus hoje? Dirigindo-nos principalmente a uma pessoa ateia ou agnóstica, de que modo podemos despertar o seu interesse e talvez estimular a sua conversão? Em seu livro “Comment parler de Dieu aujourd’hui : Anti-manuel d’évangélisation” (“Como Falar de Deus hoje? Anti-manual da Evangelização“, em livre tradução do título), o filósofo francês Fabrice Hadjadj oferece algumas possíveis “soluções”.
Vejamos cinco delas:
1) Fale de maneira “divina” e nunca banal
“Falar de Deus não significa falar de ‘outro’. O Uno pode ser enunciado através dos outros e os outros podem se afirmar graças ao Uno”.
Ou seja, de Deus não se fala adequadamente nem como uma “Super Coisa” nem como se fosse uma coisa trivial. Trata-se de falar dele de maneira… divina. Vamos tentar um exemplo. Quando se fala de uma moça bonita, pode-se elevar a conversa para um enfoque em que, ao mesmo tempo, se superem as banalidades e se fale com uma “profundidade acessível”, tocando-se em realidades que podemos experimentar: “Ela é mesmo bonita, mas qual é o sentido da vida dela?”; “Por que será que a beleza do seu corpo fala misteriosamente à minha alma?”.
Em resumo: não banalizar, mas também não transformar o discurso em algo complicado, distante, abstrato, inatingível. Falar de Deus é “falar daquele que fala”, é “falar da Palavra”: é falar de Alguém que se comunica. Portanto, é falar de uma “comunicação interior” que nos chega ao coração e nos convida a “conversar” com uma realidade superior, mais profunda, mais cheia de sentido, transcendente e que… não conseguimos explicar com palavras – mas “entendemos” porque é uma experiência que todos podemos ter.

2) Abra-se ao diálogo com qualquer interlocutor
Falar de Deus “também significa amar, inseparavelmente, aquele com quem falamos sobre Ele, porque significa reverberar sobre ele a Palavra que lhe dá a existência e, portanto, deseja infinitamente que ele exista”.

O autor dá o exemplo do missionário diante de uma pessoa hostil. “Se eu vim anunciar a Palavra de Deus, e Deus é Providência, então é Deus mesmo que coloca esta pessoa no meu caminho. Eu preciso honrar esta pessoa, embora ela se porte de modo bastante desagradável (…) Tenho que admirar a poesia do seu rosto e o enigma da sua existência”.
Desta perspectiva, “todo fanfarrão acaba se revelando ‘Palavra de Deus’ por causa da sua própria presença. É a Palavra de Deus quem lhe dá o ser. É o amor de Deus que cria esta pessoa do nada e a vivifica”. A própria existência dessa pessoa evoca o mistério inexplicável do ser. E esse mistério faz pensar no sentido, na origem e na finalidade do ser.
3) Dê testemunho ao anticristão
Deus, portanto, está presente até no mais anticristão dos homens. “Talvez não com a presença da graça, mas, pelo menos, com a presença de criação, com a presença de imensidão. Quando eu falo sobre Deus com o meu ‘inimigo’, devo estar consciente de que Deus está plenamente empenhado em criar esse meu ‘inimigo’ com amor”.
Esta é uma constatação decididamente “desestabilizadora”, observa Hadjadj: “Eu tenho que falar sobre Deus com essa pessoa deixando-me antes interpelar por ela, acolher a sua presença, responder à sua inimizade atestando a sua bondade originária. E é justamente o espanto diante da sua bondade originária, para além da antipatia inicial, que pode nos ajudar a chegar ao coração do ‘inimigo’”.
É essencial que “o mensageiro de Deus não tenha medo de dar testemunho diante daquele que parece distantíssimo da fé” – a exemplo do apóstolo São Paulo.
4) Testemunhe a misericórdia
O evangelizador, hoje, corre o perigo de parecer um “palhaço” por causa da desproporção entre Aquele de quem fala e aquilo que ele é: a sua boca é pequena demais para o Infinito, o seu coração é estreito demais para o Amor sem medida.
O cristão, observa Hadjadj, “não tenta ser engraçado, mas é ridículo às próprias custas. O Espírito é espirituoso. Pense no mistério da Trindade: um só Deus, e isso até vá lá, mas… em três Pessoas. Pense no mistério da Encarnação: o homem que come peixes conosco é a Palavra eterna”.
Como, então, falar de Deus sem parecer um palhaço? Pode ser mediante o testemunho da misericórdia. Por exemplo, “quando passo ao lado de um sem-teto cujo cheiro me dá náuseas”: sei demonstrar que Deus está presente em todos, mesmo naqueles que ninguém vê?
5) Fale ao coração, com humildade
Falar de Deus significa promover com quem está conosco uma “conversão do coração e do olhar. Deus quer nos ensinar a humildade”.
Por isso, pregue-O com o exemplo. Seja humilde. Dê sinais discretos. Faça o bem sem buziná-lo aos quatro ventos. Viva com uma generosidade que, em si mesma, fale de transcendência.

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